O antigo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou, esta segunda-feira, que a prevenção de incêndios não foi “manifestamente uma propriedade nos últimos meses” para o Governo. O ex-governante socialista sublinhou que este é o “momento do combate” dos operacionais que estão no terreno, mas não deixou de criticar a “grande alteração estratégica” por parte do Executivo liderado por Luís Montenegro: a “ausência do ministério do Ambiente” na prevenção da resposta a fogos e achar-se que “floresta é agricultura”.

Em declarações ao canal de notícias Now, Eduardo Cabrita lamentou que se tenha quebrado um “motivo de grande orgulho” nos incêndios desta segunda-feira: “Seis anos sem uma vítima civil depois das tragédias de 2017”. A partir daquele ano, em que ocorreu a tragédia de Pedrógão Grande, o ex-ministro disse que foi implementado um “novo modelo de mecanismo europeu de proteção civil”, que permitia uma “resposta muito rápida e coordenada a partir de Bruxelas”.

Além disso, segundo o antigo governante, naquele ano a “prioridade” e o “centro das atenções das políticas públicas” passou a ser a “prevenção”. E Eduardo Cabrita disse mesmo que essa “grande alteração estratégia” levou a que Portugal obtivesse os “melhores resultados do século” — entre 2018 e 2023 — no que diz concerne aos incêndios em território nacional.

Não obstante, com o Governo de Luís Montenegro, aconteceu um “retrocesso grave”. Segundo Eduardo Cabrita, o Ministério do Ambiente deveria desempenhar um “papel central” na questão do ordenamento de território e na questão climática. “Choca-me que o Ministério do Ambiente não esteja no centro da prevenção e da resposta” dos incêndios, salientou o ex-ministro da Administração Interna.

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Estando a pasta das florestas no Ministério da Agricultura, Eduardo Cabrita deixou várias alfinetadas ao ministro daquela tutela, José Manuel Fernandes: “Há um discurso, por vezes do ministro da Agricultura, de negacionismo das alterações climáticas” contra “extremistas climáticos”. O antigo ministro defendeu que não não “nenhum extremismo” ambiental e que as situações de “perigo climático têm de ser prevenidas antecipadamente”.

“É fundamental reequilibrar prevenção e combate”, insistiu o antigo MAI, recordando que a prevenção para a próxima época de incêndio começa logo no “outono”.

Ainda assim, Eduardo Cabrita frisou que “em dia de incêndio, a prioridade é o combate”. Questionado sobre o papel da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o ex-ministro preferiu não se alongar. E elogiou Luís Montenegro por “estar em Carnaxide” e ter aprendido do “erro que foi navegar no Douro” quando ainda estava a haver operação de salvação de operacionais.