O recém nomeado primeiro-ministro francês, Michel Barnier, apresentou esta quinta-feira a sua proposta de executivo ao Presidente Emmanuel Macron, depois das reuniões com os partidos, relata o Le Monde. O governo paritário terá 16 ministérios, a maior parte entregue a políticos macronistas e apenas um a cargo da “esquerda alargada”, campo político que ganhou as eleições legislativas de julho.
Os detalhes foram avançados pelo primeiro-ministro cessante e líder do Partido Renascença, Gabriel Attal, depois de se ter reunido com Michel Barnier. Falando aos deputados macronistas, Attal afirmou que o chefe de executivo reuniu “um governo paritário”, com 38 membros, divididos em 16 ministérios. Deste 16 ministros, sete serão da Renascença, três dos Republicanos — o partido do próprio primeiro-ministro — dois do Movimento Democrático, um do Horizontes e um da União dos Democratas e Independentes (UDI), relatou Attal, citado pelo jornal francês. A presença dos partidos de centro e direita deixa um espaço vazio no governo: a ausência de ministros confirmados da Frente Popular Nacional, partido que obteve a maior parte dos votos.
Attal relatou que Barnier tem tido dificuldades em encontrar políticos de esquerda para a sua equipa, pois, apesar de ter feito convites “à esquerda alargada”, tem recebido múltiplas recusas. Assim, o governo deverá ter apenas um ministério entregue a este campo político.
Sem confirmações oficiais, o líder dos Republicanos, Laurent Wauquiez, apresentou uma certeza: que não vai fazer parte do executivo. “Michel Barnier ofereceu-me Bercy [o Ministério da Economia], mas eu recusei para me manter com líder do grupo parlamentar”, partilhou com os seus deputados. Contudo, adiantou que o Ministério da Administração Interna deverá ser entregue ao também republicano Bruno Retailleau. Confirmando que o partido terá três ministérios, acrescentou que terá nove posições no executivo, contando com as secretarias de Estado.
Destas nove posições, Wauquiez partilhou alguns dos nomes apresentados por Barnier durante a reunião. Para além do Ministério da Administração Interna, os republicanos serão responsáveis pelo Ensino Superior, entregue a Patrick Hetzel, a Agricultura, nas mãos de Annie Genevard e o Secularismo, de Othman Nasrou. Jean-Louis Thiérot deverá ficar com os Veteranos, Laurence Garnier com a Família, Sophie Primas com o Comércio Externo e Turismo e François-Noel Buffet com o Ultramar.
Em comunicado, o gabinete do governo em funções anunciou que o novo executivo “será anunciado antes de domingo, após as confirmações deontológicas habituais”, acrescentando que o encontro entre Michel Barnier e Emmanuel Macron foi uma “troca construtiva, durante a qual [o primeiro-ministro] apresentou a arquitetura e composição do seu governo, que respeita o equilíbrio político“.
Apesar das reações positivas dos macronistas e republicanos o líder da Nova Frente Popular, Manuel Bompard não tardou a deixar críticas e a mobilizar a esquerda para um protesto. “Na França de Macron, os derrotados formam o governo. Encontramo-nos este sábado por toda a França contra a maior fraude da Quinta República”, escreveu no X.
En France sous #Macron, ce sont tous les battus des dernières élections qui vont composer le gouvernement.
Rendez-vous partout en France ce samedi contre la plus grande arnaque de la 5ème République. https://t.co/QhYKb1pbJM
— Manuel Bompard (@mbompard) September 19, 2024