O filme Baby, do realizador brasileiro Marcelo Caetano, abre esta sexta-feira o Festival Queer Lisboa, num ano em que a programação propõe olhar para as assimetrias sociais, para os conflitos no mundo e para um cinema de urgência.

Baby, que valeu este ano ao ator Ricardo Teodoro o prémio revelação na Semana da Crítica, em Cannes, “traça uma narrativa sobre o amor, a família e a perda, sob esse cenário de todas as margens que é o do Centro de São Paulo”, explica o festival.

O Queer Lisboa, que começa esta sexta-feira no cinema São Jorge, estender-se-á até ao dia 28 também com programação na Cinemateca Portuguesa.

Nas secções competitivas estão presentes algumas produções portuguesas: As minhas sensações são tudo o que tenho para oferecer de Isadora Neves Marques, Seu nome era Gisberta, de Sérgio Galvão Roxo, e Kiss your hand, Madame, de Jeremy Luke Bolatag, numa coprodução entre Hungria, Portugal e Bélgica.

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O festival conta ainda com o filme brasileiro Onda Nova (1983), de José Antonio Garcia e Ícaro Martins, censurado no Brasil e que é descrito como uma “comédia erótica e anárquica sobre as jogadoras de uma equipa de futebol feminino formada em plena ditadura militar”.

No programa Panorama, o Queer Lisboa destaca o filme Close to you, coescrito, protagonizado e coproduzido por Elliot Page, com o realizador Dominic Savage, e o documentário Teaches of Peaches, Philipp Fussenegger e Judy Landkammer, sobre a artista canadiana Peaches.

Este ano, o Queer Focus é subordinado à Resistência Queer em fronteiras, zonas de conflito, países sob ataque, territórios divididos ou ocupados, ou estados governados pela extrema-direita, do leste europeu e Médio Oriente, focado na realidade vivida pelas populações e comunidades LGBTQI+ em países como o Kosovo, Palestina, Chipre, Ucrânia ou Hungria.

O destaque vai para Foggy: Palestine Solidarity, Cinema & The Archive, que contempla um conjunto de curtas-metragens que exploram o tema da solidariedade com a Palestina, através do olhar de Mike Hoolboom, Annie Sakkab, Hadi Moussally e Amy Gottlieb.

O Queer Lisboa contará ainda com uma retrospetiva, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, dedicada a William E. Jones, artista que tem trabalhado em cinema, vídeo, fotografia e pintura, destacando-se também como ensaísta e romancista.

O encerramento será com Call Me Agnes, produção neerlandesa de Daniel Donato, que cruza elementos do documentário, de ficção e musical para contar a história da mulher trans indonésia Agnes Geneva.

Em outubro, é a vez de acontecer o festival Queer Porto, cuja 10.ª edição decorrerá entre os dias 08 a 12, no Batalha Centro de Cinema, Passos Manuel e Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto.