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A incursão ucraniana na região russa de Kursk começou a 6 de agosto, mas a Rússia terá suspeitado dos objetivos de Kiev ainda no ano passado e terá tentado travar os planos da Ucrânia, ainda que sem sucesso. A informação é avançada esta sexta-feira pelo jornal The Guardian, que teve acesso a documentos que a Ucrânia diz ter apreendido na região de Kursk.
Os tais documentos revelam que os primeiros alertas foram dados pelo comando militar russo no final de dezembro de 2023 e as últimas informações são do final de junho, apenas seis semanas antes da incursão ucraniana. Retirados de um dos edifícios do Ministério da Administração Interna russo, um dos documentos confidenciais — que os soldados ucranianos terão conseguido no final de agosto — apontam para a tentativa de ocupação da cidade russa de Sudzha, que está precisamente sob domínio ucraniano desde o mês passado.
Logo em janeiro, Moscovo terá dado indicações sobre um “potencial avanço na fronteira” pelos soldados ucranianos. E mais: a 4 de janeiro, terão sido dadas ordens para que fosse reforçado o treino dos soldados russos, numa perspetiva de preparação para um eventual ataque. Depois, já em fevereiro, os comandantes russos apontavam que a Ucrânia poderia estar a tentar uma incursão através da região de Sumy, podendo avançar até 80 quilómetros em território russo “para criar um corredor quatro dias antes da chegada das principais unidades do exército ucraniano em carros blindados”.
Mas em junho começaram a ser feitos alertas ainda mais específicos e apontavam para um possível plano ucraniano “com o objetivo de controlar Sudzha” — o que veio de facto a acontecer a 6 de agosto. E até a possível destruição de uma ponte sobre o rio Seym é indicada nos documentos agora revelados, sendo que foram destruídas as três pontes que permitiam a passagem por este rio.
Além dos avisos, os documentos levados pelos soldados ucranianos revelam ainda as preocupações táticas da Rússia. Um dos exemplos dá conta da necessidade de criar trincheiras para fintar os drones ucranianos e até da criação de “manequins de soldados”, que “devem ser movidos frequentemente” para “confundir os drones ucranianos”.
O avanço em Kursk fez soar os alarmes na Rússia e, esta quinta-feira, o Presidente ucraniano referiu que esta incursão já obrigou a Rússia a desviar 40 mil soldados do leste para esta região.
Tendo em conta a sensibilidade do tema, o Guardian sublinha que não foi possível verificar de forma independente a autenticidade dos documentos, ainda que confirme as marcas de comunicações oficiais do exército russo.