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"Professor de Inglês": a graça de uma guerra cultural entre o primeiro toque e o intervalo grande

Não é uma dramédia, não é uma comédia de ação, nem animação para adultos com um toque de melancolia — é uma série para rir, simples, com wokes, anti-wokes e etc. Primeiros episódios estão na Disney+.

Brian Jordan Alvarez é o criador, o protagonista e o guionista da série: seguimos o dia-a-dia de um professor homossexual numa escola secundária, provavelmente o terreno mais minado da chamada
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Brian Jordan Alvarez é o criador, o protagonista e o guionista da série: seguimos o dia-a-dia de um professor homossexual numa escola secundária, provavelmente o terreno mais minado da chamada

Brian Jordan Alvarez é o criador, o protagonista e o guionista da série: seguimos o dia-a-dia de um professor homossexual numa escola secundária, provavelmente o terreno mais minado da chamada

Começar um filme com uma cena que retrata a rotina matinal de um ou mais protagonistas é um clássico do cinema dos anos 80. É uma maneira rápida, eficaz e potencialmente cómica de dar ao espectador algumas características e contextos das personagens, como evidenciam Ferris Bueller’s Day Off (de 1986, que por cá se chamou O Rei dos Gazeteiros), Breakfast Club ou Regresso Ao Futuro — Parte I (ambos de 1985). Professor de Inglês (English Teacher, no original) sitcom estreada no início de setembro na Disney+ (vai em quatro episódios de um total de temporada de oito, com estreias à terça), começa o seu primeiro episódio exatamente nestes moldes. Evan Marquez, professor de inglês numa escola secundária em Austin (estado do Texas), salta atrasado da cama e desenrola toda a sua rotina ao som de Maniac, o tema de Michael Sembello que se tornou sinónimo do filme Flashdance. Não, a série não se passa nos anos 80, é contemporânea, mas as piscadelas de olho àquela década são uma constante, sobretudo na banda sonora.

Professor de Inglês — não confundir com a banda de Leeds que passou recentemente pelo MEO Kalorama — é uma criação de Brian Jordan Alvarez, protagonista e guionista da série. Alvarez tem experiência como ator secundário em sitcoms (Special, Grace and Frankie, a nova versão de Will & Grace), mas a sua maior fonte de sucesso tem sido mesmo o Tik Tok. Atualmente com quase 700 mil seguidores da plataforma, dá vida a dezenas de personagens através dos filtros da aplicação, que o deixam quase irreconhecível. Estas criações podem ir de uma mulher rica do Sul ao músico desconfortável TJ Mack. Professor de Inglês acaba por ser das primeiras vezes em que é possível associar o seu nome à sua cara real.

[o trailer de “Professor de Inglês”:]

O mote da série é simples: o dia-a-dia de um professor homossexual numa escola secundária, provavelmente o terreno mais minado da chamada “guerra cultural” — sobretudo na escola pública. Desde os primeiros instantes que Professor de Inglês não se escuda de falar de wokes e anti-woke (logo num dos primeiros diálogos, o protagonista e a professora de História falam sobre um aluno ter exigido que se ensinem ambos os lados sobre a Inquisição Espanhola; noutro, alguns alunos pedem ao professor para lhes explicar o que é um não-binário, mas apenas porque o querem filmar às escondidas para o meter em redes sociais). Conseguindo um dificílimo balanço, os episódios criticam ambos os lados da barricada, nunca com moralismo bacoco e sempre com graça. Estas opções tornam Professor de Inglês muito contemporânea, sendo curioso pensar que, quem reveja os episódios daqui a 10 ou a 20 anos, depressa perceberá que tresandam a 2024.

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Apesar de ser na generalidade bem conseguida, a série precisa ainda de dar mais fulgor aos seus personagens — começando, logo à cabeça, pelo seu protagonista, que se apresenta bem como um humano imperfeito, mas que precisa de mais carisma. Há boas ideias que, espera-se, serão mais aproveitadas no decorrer da temporada, já que a maioria dos intervenientes ainda não teve muitos momentos para brilhar. Do diretor da escola absolutamente exausto (Enrico Colantoni, de Veronica Mars, em pico de forma), ao professor de Educação Física eleitor do partido libertário Markie Hillridge (Sean Patton, mais conhecido pelo seu stand up) e à professora de História feminista Gwen Sanders (Stephanie Koenig, de Lessons in Chemistry), passando por Harry (Langston Kerman, de Insecure), o novo professor de Física que desperta a atenção de Evan justamente quando ele foi proibido de andar com colegas de trabalho.

Uma sitcom passada numa escola, com foco no corpo docente, levou depressa a comparações com Abbot Elementary, outro sucesso que também podemos encontrar no streaming da gigante Disney. Existem semelhanças, logo a começar no facto de ambas serem abertamente comédias. Numa altura em que se discute se The Bear é ou não um produto que deve estar nomeado nos Emmys em categorias de humor (spoiler: não é), Professor de Inglês e Abbot Elementary não são dramédias, não são comédias de ação, não são animação para adultos com um toque de melancolia — são séries para rir, essa espécie em vias de extinção.

Mas, de resto, ambas tomam opções muito diferentes. Se Abbot se passa numa escola primária, com doces crianças e com uma visão algo periférica do ambiente político, esta criação de Brian Jordan Alvarez é muito mais politizada, agressiva e conflituosa. Resumindo: é uma série mais sobre o agora. Está tudo um caos tenso, mas mais vale rir-nos e galarmos o professor de Física.

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