Depois de dezenas de mulheres virem a público, num documentário da BBC, apontar o dedo a Mohamed Al-Fayed por alegados crimes sexuais, a Procuradoria da Coroa Britânica (CPS) revelou que a falta de “perspetiva realista de condenação” levou a que, por duas vezes, a entidade se tenha recusado a acusar Al-Fayed — que morreu em 2023 com 94 anos.

“Para apresentar uma acusação, a CPS tem de estar confiante de que existe uma perspetiva realista de condenação. Em cada uma das ocasiões, os nossos procuradores examinaram cuidadosamente as provas e concluíram que não era esse o caso”, sublinhou o porta-voz em declarações à BBC.

Dono histórico do Harrods acusado de abuso sexual e violação por 37 mulheres

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As investigações por “agressão indecente” a uma menor em 2008 e violação em 2013 foram inicialmente levadas a cabo pela Polícia Metropolitana, mas foram depois transferidas para o Ministério Público britânico.

A CPS poderia ter intervido noutras três investigações sobre alegações feitas por três mulheres contra o antigo dono da Harrods, mas não o fez porque nunca chegou a ser transmitido aos procuradores pelo órgão de polícia criminal um dossier completo de provas.

Recorde-se que 37 mulheres dizem ter sido abusadas por Mohamed Al-Fayed. A BBC emitiu na última quinta-feira o documentário “Al-Fayed: Predator At Harrods”, para o qual ouviu mais de 20 ex-funcionárias que afirmam que o bilionário as agrediu sexualmente ou as violou.

Os atuais proprietários da Harrods afirmaram no início desta semana que estavam “chocados” com as alegações, referindo ainda que atualmente a empresa “procura colocar o bem-estar dos trabalhadores no centro de tudo”. Os novos proprietários têm um plano de indemnização para as ex-funcionárias que dizem ter sido atacadas pelo magnata egípcio.