A realidade tem formas de surpreender até os principais actores de determinadas indústrias, mesmo os mais preparados. É o caso da Ford, o primeiro construtor a produzir veículos em série e uma marca de referência nos EUA que, lamentavelmente, decidiu desinvestir do mercado europeu. Mas os seus administradores tiveram a oportunidade de medir o pulso aos concorrentes chineses e… assustaram-se.

Durante décadas, os governantes chineses obrigaram todas as marcas que pretendiam comercializar os seus modelos na China em grandes quantidades a construir uma fábrica no país e a “oferecer” 50% a um construtor automóvel estatal, cuja participação seria representada pelo valor do terreno, infraestruturas e acessos (rodoviários e ferroviários). Acontece que estas participações permitiriam igualmente o acesso das marcas chinesas à tecnologia ocidental, o objectivo prioritário destas joint-ventures.

É certo que a Ford não figura entre as marcas mais avançadas na tecnologia eléctrica, uma vez que produziu um SUV 100% eléctrico para a Europa, o Mustang Mach-E e, para fabricar os modelos seguintes a bateria, o Explorer e o Capri, teve de recorrer a uma plataforma da Volkswagen, a MEB, sendo que esta abertura do Grupo VW foi conseguida graças à cedência, por parte da Ford, do chassi da pick-up Ranger para que a VW concebesse a nova Amarok, bem como do chassi da Transit para os próximos furgões germânicos.

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Agora o The Wall Street Journal recorda uma viagem de trabalho à China dos dois principais líderes da marca norte-americana, Jim Farley e John Lawer, respectivamente o CEO e o CFO da Ford. Além das conversações com a Changan Automobile, um construtor local pertença do Estado com quem a Ford mantém uma joint-venture na China, houve ainda a oportunidade de conduzir um dos mais recentes SUV eléctricos da Changan.

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A experiência ao volante deixou particularmente impressionados o director-geral e o financeiro. Lawer mostrou-se espantado com a evolução conseguida nos últimos anos pelo fabricante, afirmando, de acordo com o WSJ, “Jim, isto não é nada parecido com o passado” e “estes tipos estão à nossa frente”, tendo ainda classificado os eléctricos chineses como “uma ameaça existencial”, sem que o CEO tenha discordado da afirmação do seu responsável financeiro.

A Chagan, que não é o mais emblemático fabricante chinês, já montou escritório na Europa, mais precisamente na Alemanha.