O Sindicato de Enfermeiros de Portugal (SEP) confirmou à Rádio Observador que a greve nacional marcada para terça-feira e quarta-feira se mantém, mesmo após o anúncio de acordo alcançado entre governo e cinco sindicatos de enfermeiros, nesta segunda-feira.

O presidente do SEP, José Carlos Martins, disse que “desconhece totalmente” o acordo anunciado, porque a reunião negocial que o sindicato tinha marcada para dia 12 de setembro foi “adiada para mais tarde e o sindicato continua a esperar essa reunião que não foi agendada“.

Nesse sentido, “a greve mantém-se e com importância acrescida”, porque “as reivindicações não são apenas a grelha salarial”, disse José Carlos Martins. Entre outras reclamações do SEP, estão “a valorização dos enfermeiros especialistas”, “a resolução da questão da contagem de pontos” e antecipação da idade da reforma.

O acordo anunciado segunda-feira pela ministra Ana Paula Martins diz respeito principalmente à atualização da grelha salarial. Este prevê um aumento salarial de cerca de 20% até 2027, que entrará em vigor em novembro deste ano. A governante adiantou que está previsto que, “em 2026 e 2027, haja aumentos sucessivos para conseguir abarcar todo o valor que era necessário para fazer este acordo”.

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Governo e sindicatos de enfermeiros chegam a acordo sobre valorização da carreira

No entanto, a contestação ao setor não tem fim à vista. A FNAM marcará igualmente presença nas ruas na terça-feira e quarta-feira, dias 24 e 25 de setembro, afirmando ter sido “empurrada para a greve pela ministra da Saúde, que não a conseguiu evitar”.

Questionada sobre a sobreposição de datas com manifestação da SEP, Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, afirmou tratar-se de uma “coincidência” que, contudo, demonstra “o descontentamento que existe” no SNS e abre a porta a “uma luta conjunta com todos os profissionais do setor”.

Em entrevista à Rádio Observador, a presidente da FNAM exigiu “um ministro ou ministra que perceba de saúde e sirva verdadeiramente o SNS”.

Ambas as manifestações são de âmbito nacional e, assim, concentrar-se-ão na capital, nos dias 24 e 25 de setembro. A greve da FNAM começa às oito horas da manhã de terça-feira, à frente do ministério da Saúde. Já o SEP escolheu terça-feira às 10h30 para marcar presença à frente do ministério.

Os dois sindicatos esperam uma boa adesão e preveem constrangimentos na prestação de serviços de saúde, por todo o país. José Carlos Martins confirma que os serviços mínimos serão assegurados.