O presidente do Chega admitiu esta quinta-feira voltar a falar com o primeiro-ministro sobre o Orçamento para 2025 se as negociações com o secretário-geral do PS falharem, embora advertindo que não é “plano B de ninguém”.

Em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, André Ventura considerou que o Governo PSD/CDS-PP “perdeu a oportunidade de ter uma maioria no parlamento” ao eleger o PS como interlocutor preferencial. E advogou que, se houver uma crise política, haverá dois responsáveis: Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

Interrogado se está disponível para voltar a conversar com Luís Montenegro sobre o Orçamento do Estado para 2025, o presidente do Chega disse que não tem marcada uma nova reunião com o primeiro-ministro, mas admitiu que esse diálogo poderá ocorrer caso Governo e PS não se entendam.

“Diria que, provavelmente, voltaremos a falar, como qualquer líder responsável de partido e como qualquer primeiro-ministro responsável. Isso quer dizer que o Chega mudará de posição ou terá um plano B? Não”, assegurou.

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André Ventura acentuou que voltará a conversar com Luís Montenegro “sempre que for necessário”, alegando que nunca se furtou a falar com os titulares de cargos políticos. E, perante os jornalistas, até antecipou como poderá correr essa sua eventual conversa com o líder do executivo PSD/CDS-PP.

“Portanto, se amanhã [sexta-feira], a reunião com o PS não permitir uma viabilização do Orçamento, o provável é que haja uma nova reunião entre o Chega e o primeiro-ministro. Provavelmente essa reunião com o Chega será para dizer isto: Luís [Montenegro], o tempo acabou e acho que o relógio chegou ao seu ponto final”, referiu.

Nesse cenário de desacordo em torno do Orçamento, segundo André Ventura, “só há uma solução para isto – e todos sabem qual é essa solução, mesmo que não gostem”.

“Provavelmente essa última reunião [com Montenegro] será para o Chega lhe dizer isso mesmo”, declarou, numa alusão à possibilidade de uma nova crise política com eleições antecipadas.

André Ventura referiu-se também a uma mensagem que o líder parlamentar do PSD enviou aos seus deputados, dizendo que Hugo Soares lhes pediu então para não atacarem o PS nos próximos dias.

“O Governo perdeu uma incrível oportunidade de ter uma maioria no parlamento, com estabilidade para o país. Provavelmente, o país caminha agora para uma crise política, com grande probabilidade. E ninguém sabe como acabará essa crise política”, avisou, antes de atacar Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro.

“Pedro Nuno Santos será responsável pelo que for, mas haverá um responsável essa crise política, chama-se Luís Montenegro: O primeiro-ministro, que não quis nenhuma maioria, percebeu agora que o Governo não se sustém no parlamento sem uma maioria parlamentar. Percebeu tarde para alguém que tem a experiência parlamentar que Luís Montenegro tem”, criticou.

Neste ponto, no entanto, André Ventura adiantou que, até ao fim, irá acreditar “que vai haver algum jogo de bastidores entre PS e PSD que permita a viabilização”, do Orçamento.

“Se não for esse o caso, cá estaremos para assumir essas consequências políticas”, acrescentou.