“Lee Miller: Na Linha da Frente”

Produzido e interpretado por Kate Winslet, e realizado em estreia pela diretora de fotografia Ellen Kuras, esta fita biográfica passa-se em grande parte durante a II Guerra Mundial, quando a modelo e fotógrafa americana Lee Miller conseguiu uma acreditação para cobrir o conflito para a Vogue e se destacou pelas reportagens que fez sobre a entrada das forças aliadas em Paris ou os campos de concentração nazis, bem por ter sido fotografada por um colega da Life a lavar-se na banheira do apartamento de Hitler em Munique. Kuras ignora, ou trata muito sinteticamente, a movimentada vida de Miller antes e depois do conflito, assinando um pastelão sorumbático e a sofrer de didatismo em jato contínuo, com fios narrativos e emocionais muito grossos e todos à vista. Winslet está pouco expressiva e nada à-vontade a fazer de Lee Miller e tudo o que conseguimos saber sobre ela é que era uma excelente fotógrafa, liberal de costumes e tinha mau feitio.

“Arrabalde”

Há um projeto de filme algures em Arrabalde, de Francisco Serpa, rodado pelo realizador ao longo de quatro anos e em vários formatos, mas da maneira que se apresenta ao espectador, não pode senão causar perplexidade. É um objeto desconexo, aleatório e ininteligível, no qual tanto seguimos dois amigos que andam de lambreta por Lisboa e conversam disto e daquilo, como passamos para um sujeito cabeludo que está num quarto a falar ao telefone e anda à procura de casa, como para o anfiteatro de uma universidade onde Luís Miguel Cintra (que também faz uma voz “off” aqui e ali) está a dar uma aula e é interrompido por um indivíduo muito malcriado que se expressa em inglês e parece padecer de um qualquer mal existencial, ou assistimos a uma inexplicável cena de pancadaria noturna num terreno baldio e em que participam os dois amigos da lambreta. Tal como está, é muito difícil descobrir em Arrabalde uma ponta por onde se lhe pegue.

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“Super/Homem: A História de Christopher Reeve”

Neste documentário, Ian Bonhôte e Peter Ettedgui recorrem a imagens de arquivo, filmes caseiros inéditos e entrevistas com colegas, amigos, figuras públicas e familiares (nomeadamente, dos três filhos do ator, Matthew, Alexandra e Will), para contar como Christopher Reeve (que morreu em 2004) resistiu a desistir de viver nos dramáticos dias de indefinição após o acidente de equitação de que foi vítima em 1995, e que o deixou tetraplégico e dependente de outros para tudo no dia-a-dia. E como depois de ter sido um magnífico Super-Homem no cinema, Reeve se transformou num herói de carne e osso no mundo real, ao dedicar-se à causa dos doentes de tetraplegia usando a fama conquistada na tela, e criando com a mulher uma fundação para a investigação científica da cura para as lesões da espinal medula. Super/Homem: A História de Christopher Reeve foi escolhido como filme de semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.