Acompanhe aqui o liveblog sobre o Médio Oriente

Chegou este sábado ao aeroporto de Figo Maduro um avião da Força Aérea Portuguesa com 44 pessoas que pediram ajuda à embaixada de Portugal no Líbano para abandonar o país devido à escalada de tensão entre Israel e o Hezbollah.

O Governo português acompanha “com preocupação tudo o que se passa no Médio Oriente”, numa altura em que a situação é “muito delicada” no Líbano, disse Nuno Sampaio, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, que recebeu estes portugueses em Figo Maduro, em declarações transmitidas pelas televisões.

Nuno Sampaio explicou que o voo era composto por “28 cidadãos portugueses e os seus familiares diretos”. A ligação aérea incluiu uma paragem em Chipre. “Houve voos entre o Líbano e Chipre e há sempre solidariedade entre países, especialmente da União Europeia”, explicou o secretário de Estado. “É uma situação delicada, em que toda a solidariedade é pouca e cumprindo todas as regras de segurança, diplomáticas, certamente essa solidariedade entre países continuará.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como Nasrallah tornou o Hezbollah um dos maiores inimigos de Israel e semeou o caos no Líbano

“Há sempre possibilidade” de novas ações de repatriamento, admitiu à imprensa Nuno Sampaio, que garante que o Governo tem identificado quem está no país. “Não é uma dimensão muito maior”, explicou, sem avançar números sobre quantos portugueses estão no Líbano. Garantiu ainda que o país tem “capacidade para essa resposta”, caso haja mais pedidos nos próximos dias.

Euridice Lakkis, uma das portuguesas que chegou ao país no voo de repatriamento, descreveu os últimos dias no Líbano como muito difíceis. “Saímos a correr com os miúdos, com pressa, sem nada, com gritos”, relatou à imprensa no local. “Foi um filme terrível, que nunca pensei passar na minha vida.”

A portuguesa de 40 anos chegou a Lisboa acompanhada pelo marido, um cidadão libanês, e pelos dois filhos. Passou algumas temporadas no Líbano e diz que o país “sempre foi seguro”. “Mas desta vez não, há um ano que não há segurança.”

Na temporada mais recente, chegou ao Líbano a 29 de setembro de 2023 e “o problema começou a 8 de outubro”, referindo-se à resposta de Israel aos ataques de 7 de Outubro. “Nunca senti insegurança no Líbano, porque nunca vi aviões, nem drones, nem mísseis. Desta vez vi tudo o que há numa guerra. Ouvia bombardeamentos todos os dias.”

Euridice Lakkis vivia no sul do Líbano, mas desde o início da semana procurou refúgio no norte do país. No início desta semana, acordou “com vários bombardeamentos de Israel”, mais intensos do que o habitual. “Na segunda-feira senti a morte. Vi a morte a passar e foi horrível”, dizendo que viu ataques que vitimaram civis.

Mísseis balísticos, drones e 50 mil homens. As capacidades militares do Hezbollah, um “inimigo formidável” no campo de batalha

Após passar alguns dias com a família no norte do país, numa escola, entrou em contacto com a embaixada portuguesa para abandonar o Líbano. “Recebi na quinta uma chamada a perguntar se estava disponível para sair do país”, admitindo que “não foi fácil” deixar uma vida para trás.