30 de setembro de 2015. Na segunda jornada do Grupo C da Liga dos Campeões, o Benfica foi a Espanha vencer o Atl. Madrid em pleno Vicente Calderón, com golos de Gaitán e Gonçalo Guedes a contrariarem o de Correa. Nessa temporada, para além de campeões nacionais, os encarnados chegaram aos quartos de final da liga milionária, onde só caíram com o Bayern Munique. O treinador, acabado de chegar à Luz, era Rui Vitória.

Foi com esse gancho que o jornal Marca decidiu entrevistar o treinador português para realizar a antevisão da partida desta quarta-feira, na primeira fase da nova Liga dos Campeões, com o Benfica a receber o Atl. Madrid na Luz. Passou quase uma década desde a vitória encarnada perante os colchoneros, mas Rui Vitória lembra-se como se fosse hoje.

João Félix deixa Atlético de Madrid e assina pelo Chelsea até 2031

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Foi uma vitória muito difícil e muito importante para nós, porque o Atlético foi sempre uma equipa muito forte e naquele ano também era. Mas criámos uma estratégia que os jogadores interpretaram fantasticamente e aplicaram muito bem em Madrid e também tivemos sorte, porque eles tiveram muita bola e criaram muitas oportunidades, mas aproveitámos bem as saídas em contra-ataque. Foi muito difícil, mas também soube muito bem porque aquela temporada foi muito boa e tudo começou aí”, disse o treinador de 54 anos na entrevista ao jornal espanhol.

De forma natural, Rui Vitória foi também questionado sobre João Félix — que ele próprio lançou no Benfica, antes da explosão com Bruno Lage e da ida milionária para o Atl. Madrid. Começou por recordar os primeiros passos na equipa principal encarnada, com “um golo muito importante contra o Sporting”, e lembrou depois o que pensou quando se transferiu por 127 milhões de euros no verão de 2019.

[Já saiu o primeiro episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube]

“Pensei que tinha muito potencial, mas também sabia que os jogadores dependem muitas vezes do contexto que têm. Era um jogador diferente, também ao nível de mentalidade, e entendia que devia jogar perto da área contrária. Mas ele também tinha de dar uma resposta positiva. Pensei que tinha de continuar a evoluir, porque tinha uma capacidade de decisão muito grande e uma grande facilidade no último passe e na finalização. Entendia que tinha as condições necessária para ser um grandíssimo jogador”, atirou o treinador.

“Ainda me vão ver triunfar, os melhores momentos vão chegar”: a crença de João Félix, entre desmentidos sobre azias e “guerras” internas

Mais à frente, Vitória confessa que não tem explicações para o facto de João Félix não ter tido sucesso no Atl. Madrid. “É difícil saber, porque não sei o que se passou dentro da equipa. Penso que talvez tenha sido pela cultura do clube… O Atlético é uma equipa de correr, de trabalhar muito, de jogar baixo. Essa distância para a área contrária pode ter sido um dos problemas. Mas não sei o que se passou com o jogador e com a sua vida e também não sei o que teria acontecido com outro treinador”, começou por dizer, antes de comentar o facto de o avançado também não ter vingado no Barcelona e na primeira passagem pelo Chelsea.

“Todos os profissionais têm de fazer uma reflexão da sua capacidade e da sua postura, o problema também não pode ser sempre dos outros. Não tenho conhecimento total sobre a situação. No Barcelona e no Chelsea tinha contextos mais favoráveis para as características dele, logo, têm de existir coisas que não sabemos”, completou.

Chegada sem falar, lesões suspeitas e um único “amigo” após a entrevista a Romano: o que se passou realmente com João Félix no verão?

Por fim, Rui Vitória ainda fez uma breve antevisão do jogo de quarta-feira, onde o Benfica vai tentar prolongar o triunfo contra o Estrela Vermelha na Sérvia e o Atl. Madrid vai procurar repetir a vitória contra o RB Leipzig. “É um jogo muito difícil para ambas as equipas. O Benfica agora está melhor, com mais confiança e com resultados positivos e joga em casa, onde os jogadores se sentem muito bem. Mas o Atlético é uma grandíssima equipa que vai causar dificuldades. Também será importante o facto de o Benfica chegar com mais um dia de descanso, ainda que o Atlético tenha capacidade para ganhar”, terminou o treinador, que está atualmente sem clube depois de ter saído da seleção do Egito em fevereiro.