30 de setembro de 2015. Na segunda jornada do Grupo C da Liga dos Campeões, o Benfica foi a Espanha vencer o Atl. Madrid em pleno Vicente Calderón, com golos de Gaitán e Gonçalo Guedes a contrariarem o de Correa. Nessa temporada, para além de campeões nacionais, os encarnados chegaram aos quartos de final da liga milionária, onde só caíram com o Bayern Munique. O treinador, acabado de chegar à Luz, era Rui Vitória.

Foi com esse gancho que o jornal Marca decidiu entrevistar o treinador português para realizar a antevisão da partida desta quarta-feira, na primeira fase da nova Liga dos Campeões, com o Benfica a deslocar-se novamente a Espanha para visitar o Atl. Madrid no Wanda Metropolitano. Passou quase uma década desde a vitória encarnada perante os colchoneros, mas Rui Vitória lembra-se como se fosse hoje.

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“Foi uma vitória muito difícil e muito importante para nós, porque o Atlético foi sempre uma equipa muito forte e naquele ano também era. Mas criámos uma estratégia que os jogadores interpretaram fantasticamente e aplicaram muito bem em Madrid e também tivemos sorte, porque eles tiveram muita bola e criaram muitas oportunidades, mas aproveitámos bem as saídas em contra-ataque. Foi muito difícil, mas também soube muito bem porque aquela temporada foi muito boa e tudo começou aí”, disse o treinador de 54 anos na entrevista ao jornal espanhol.

De forma natural, Rui Vitória foi também questionado sobre João Félix — que ele próprio lançou no Benfica, antes da explosão com Bruno Lage e da ida milionária para o Atl. Madrid. Começou por recordar os primeiros passos na equipa principal encarnada, com “um golo muito importante contra o Sporting”, e lembrou depois o que pensou quando se transferiu por 127 milhões de euros no verão de 2019.

“Pensei que tinha muito potencial, mas também sabia que os jogadores dependem muitas vezes do contexto que têm. Era um jogador diferente, também ao nível de mentalidade, e entendia que devia jogar perto da área contrária. Mas ele também tinha de dar uma resposta positiva. Pensei que tinha de continuar a evoluir, porque tinha uma capacidade de decisão muito grande e uma grande facilidade no último passe e na finalização. Entendia que tinha as condições necessária para ser um grandíssimo jogador”, atirou o treinador.

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Mais à frente, Vitória confessa que não tem explicações para o facto de João Félix não ter tido sucesso no Atl. Madrid. “É difícil saber, porque não sei o que se passou dentro da equipa. Penso que talvez tenha sido pela cultura do clube… O Atlético é uma equipa de correr, de trabalhar muito, de jogar baixo. Essa distância para a área contrária pode ter sido um dos problemas. Mas não sei o que se passou com o jogador e com a sua vida e também não sei o que teria acontecido com outro treinador”, começou por dizer, antes de comentar o facto de o avançado também não ter vingado no Barcelona e na primeira passagem pelo Chelsea.

“Todos os profissionais têm de fazer uma reflexão da sua capacidade e da sua postura, o problema também não pode ser sempre dos outros. Não tenho conhecimento total sobre a situação. No Barcelona e no Chelsea tinha contextos mais favoráveis para as características dele, logo, têm de existir coisas que não sabemos”, completou.

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Por fim, Rui Vitória ainda fez uma breve antevisão do jogo de quarta-feira, onde o Benfica vai tentar prolongar o triunfo contra o Estrela Vermelha na Sérvia e o Atl. Madrid vai procurar repetir a vitória contra o RB Leipzig. “É um jogo muito difícil para ambas as equipas. O Benfica agora está melhor, com mais confiança e com resultados positivos e joga em casa, onde os jogadores se sentem muito bem. Mas o Atlético é uma grandíssima equipa que vai causar dificuldades. Também será importante o facto de o Benfica chegar com mais um dia de descanso, ainda que o Atlético tenha capacidade para ganhar”, terminou o treinador, que está atualmente sem clube depois de ter saído da seleção do Egito em fevereiro.