O festival de cinema Queer Porto começa na terça-feira com Onda Nova, filme de José Antonio Garcia e Ícaro Martins considerado uma obra de culto do cinema brasileiro dos anos 1980.
O filme, censurado integralmente no Brasil, em 1983, é descrito como uma “comédia erótica e anárquica sobre as jogadoras de uma equipa de futebol feminino formada em plena ditadura militar [1964-1985]”, o Gaivotas Futebol Clube, e conta no elenco com Carla Camurati, Cristina Mutarelli, Tânia Alves, Regina Casé e Neide Santos, entre outros.
Onda Nova, que foi alvo de um restauro, “é uma ode ao desejo, opondo-se a todo tipo de moralismo sexista, que tem como pedra fundante o controle da sexualidade das mulheres através das narrativas sobre sexo”, refere o festival.
O Queer Porto, que acontece de 8 a 12 de outubro, vai estar concentrado no Batalha Centro de Cinema, mas também no espaço Casa Comum e no Passos Manuel.
Um dos destaques feitos pelo festival refere-se ao documentário As Fado Bicha, de Justine Lemahieu, que acompanhou Lila Fadista e João Caçador em palco e nos bastidores entre 2019 e 2023.
Para o Queer Porto, as Fado Bicha “abrem um processo de aceitação, representatividade e reparação” através da música que compõem, e também questionam “a relação da sociedade com as aparências, as normas de género, linguagem e sexualidade”.
Ainda sobre o cinema queer português presente nesta edição, o Queer Porto elogia “um cinema que transborda limites, que renova linguagens, que subverte expectativas”.
Entre os filmes a concurso estão várias curtas-metragens, nomeadamente Carta ao pai, de Rafael Ferreira, À tona d’água, de Alexander David, e Anoitecer, de Tatiana Ramos.
Um dos filmes do programa Panorama do Porto é o documentário The Disappearance of Shere Hite, documentário de Nicole Newnham sobre a sexóloga feminista Shere Hite, que em 1976 publicou O relatório Hite — Um profundo estudo sobre a sexualidade feminina, e que morreu em 2020.
O encerramento do Queer Porto, no dia 12, será com a comédia grega The Summer with Carmen, de Zacharias Mavroeidis, sobre os dramas existenciais de “um funcionário público, sexy e desajeitado, que se passeia nu por quase todo o filme”.