Depois dos pitons de Eindhoven, o regresso a Alvalade. A deslocação aos Países Baixos a meio da semana, a contar para a Liga dos Campeões, não correu bem, mas também não correu mal. Frente ao PSV, o Sporting não se conseguiu adaptar ao relvado e teve vários lances em que os jogadores escorregaram por não conseguirem apoiar o corpo no solo. Ainda assim e apesar de Debast ter ficado ligado ao golo sofrido, os leões empataram e somaram um importante ponto na corrida pela próxima fase (1-1).

A injustiça poética do mais injustiçado numa equipa com pés mas sem botas (a crónica do PSV-Sporting)

Desse jogo resultaram mais baixas para a equipa de Rúben Amorim, em particular no centro da defesa. Antes deste encontro, o técnico de 39 anos tinha apenas um central de origem disponível (Debast), pelo que era praticamente certo que tinha de recorrer a outras alternativas, nomeadamente com a inclusão de Iván Fresneda, que tem vindo a ser testado como central pela direita. Ao longo do dia, Maxi Araújo e Conrad Harder também foram apontados ao onze inicial, fruto das ausências de Matheus Reis, Marcus Edwards e Pedro Gonçalves, o que obrigou Amorim a integrar na convocatória os jovens Bruno Ramos e Luís Gomes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Sporting-Casa Pia, 2-0

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José de Alvalade XXI, em Lisboa

Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)

Sporting: Franco Israel; Eduardo Quaresma (Ricardo Esgaio, 76′), Zeno Debast, Gonçalo Inácio (Iván Fresneda, 68′); Geny Catamo (Geovany Quenda, 67′), Daniel Bragança, Morten Hjulmand, Maxi Araújo (Nuno Santos, 64′); Francisco Trincão, Conrad Harder (Hidemasa Morita, 45′) e Viktor Gyökeres

Suplentes não utilizados: Vladan Kovacevic; Bruno Ramos, Luís Gomes e Rafa Nel

Treinador: Rúben Amorim

Casa Pia: Patrick Sequeira; João Goulart, Ruben Kluivert, Nermin Zolotic (Fahem Benaïssa, 87′); André Geraldes, Rafael Brito (Miguel Sousa, 62′), Andrian Kraev, Leonardo Lelo; Gaizka Larrazabal (Jérémy Livolant, 86′), Max Svensson (Nuno Moreira, 71′) e Cassiano (Pablo Roberto, 62′)

Suplentes não utilizados: Daniel Azevedo; Telasco Segovia, Raúl Blanco e Isaac Monteiro

Treinador: João Pereira

Golos: Daniel Bragança (39’) e Viktor Gyökeres (80′, pen.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zolotic (36’), João Pereira (70′, treinador) Kluivert (78′) e Daniel Bragança (82′)

“Os jogadores já sabem que para manter a nossa posição [liderança] temos de ganhar. Vamos jogar sistema contra sistema e temos muitas horas disso. Temos dúvidas em alguns jogadores do Casa Pia e isso pode mudar as caraterísticas, mas já estamos a habituados à forma global do Casa Pia. Temos de ter imaginação para criar problemas a um bloco mais baixo. É uma equipa que poderá ter a bola parada com os três centrais. O bom do sistema contra sistema é que já estamos habituados às referências. Ausências? Matheus Reis, St. Juste, Diomande, Edwards e Pote. O resto [Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio] ainda vamos gerir. Temos de ver em que condições estão. Temos Fresneda, Esgaio, jogadores da equipa B e estaremos preparados para o jogo”, assumiu o treinador campeão nacional na conferência de imprensa de antevisão à partida.

Pela frente esteve um Casa Pia que, agora com João Pereira no comando técnico, começou a temporada de forma atribulada, mas estabilizou nos últimos jogos, chegando a este dérbi lisboeta com duas vitórias e dois empates, e um jogo difícil contra o V. Guimarães em que deu boas indicações (1-1). “O Sporting está imbatível no Campeonato e isso faz com que a exigência interna seja ainda maior em termos de plano de jogo, entrega, compromisso, resiliência. Temos de nos transcender para conseguir ganhar a uma equipa que está imbatível. Isso faz com que esta equipa técnica tenha de dormir muito menos para conseguirmos vencer este jogo. O Sporting tem um estilo de jogo bem vincado, mas o objetivo é sermos a primeira equipa a tirar pontos ao Sporting esta temporada”, sublinhou, por sua vez, o treinador de 32 anos.

Esta partida acabou por ser simbólica para os leões que, ao longo da semana, anunciaram um novo equipamento, totalmente rosa, associando-se ao “outubro rosa” e como mote para a campanha de prevenção contra o cancro da mama. Segundo anunciou o Sporting, 25% das receitas da camisola vão reverter para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Para além disso, o dia ficou marcado pelo anúncio de mais uma lotação esgotada em Alvalade. Relativamente aos onzes iniciais, confirmou-se as disponibilidades de Quaresma e Inácio na defesa. Para além disso, Amorim apostou em Maxi Araújo, Daniel Bragança e Conrad Harder. Nos gansos, José Fonte, que estava em dúvida, ficou mesmo de fora e a única novidade foi a inclusão de Gaizka Larrazabal, com Pereira a apostar em dois laterais para tentar travar o lado esquerdo verde e branco.

Essa mudança tática acabou por confirmar-se com o pontapé de saída. O Casa Pia atuou em Alvalade com uma forte teia defensiva e montado num 6-3-1, com Larrazabal a atuar na direita e Geraldes mais por dentro. Esse esquema tático acabou por criar muitas dificuldades ao ataque leonino, que teve em Maxi Araújo, na esquerda, um elemento a menos na tentativa de dar largura ao seu jogo. Ainda assim, a primeira ocasião do desafio pertenceu aos casapianos que, depois de um erro de uma má abordagem de Quaresma, viram Israel negar o golo a Svensson (2′). A resposta acabou por aparecer de livre, com Harder a rematar com perigo por cima na sequência de um livre à entrada da área (16′).

A formação de Rúben Amorim continuou com dificuldades em chegar à baliza de Patrick Sequeira mas, a espaços, foi conseguindo desbloquear a partida através de lances individuais. No primeiro, Harder encontrou espaço à entrada da área, tentou da zona da meia-lua, mas a bola saiu ao lado (30′). Pouco depois, Trincão furou a muralha defensiva do Casa Pia, ultrapassou três adversários e cruzou atrasado para a entrada da pequena área, onde Bragança apareceu a completar para o golo (39′). Apesar das dificuldades, os leões regressaram aos balneários em vantagem e com mais um importante golo do médio português que, pela primeira vez na carreira, marcou em três jogos consecutivos.

O treinador verde e branco retificou ao intervalo, retirando Harder, que esteve em subrendimento, e colocando Morita ligeiramente mais adiantado do que é habitual. E a mudança acabou por surtir efeito, já que o Sporting conseguiu aproveitar melhor o espaço no último terço do terreno de jogo, em parte porque o Casa Pia subiu o bloco. Numa das ocasiões de perigo, o nipónico combinou com Trincão, isolou-se, tentou finalizar, mas Sequeira saiu rapidamente da baliza e defendeu para canto (55′). Pouco depois, a defesa forasteira não conseguiu cortar um lance e colocou a bola na zona da meia-lua, Trincão apareceu, rematou forte e acertou em cheio na trave (66′).

Com as substituições a tomarem conta do encontro, a formação da casa tentou tomar conta do jogo mas, a espaços, os casapianos foram aproveitando para chegar à baliza de Franco Israel. Já com Fresneda em campo e a atuar no centro da defesa, o recém-entrado Pablo Roberto entrou na área pela esquerda, ultrapassou o espanhol e Hjulmand e, já sem ângulo, atirou para defesa de Israel (68′). Na resposta, Quenda cruzou da direita para o segundo poste, Trincão ganhou nas alturas e cabeceou ao lado (74′). Na reta final, Amorim acabou por colocar Esgaio no lugar de Quaresma e terminou o desafio com apenas um central.

A turma de Alvalade ainda foi a tempo de mais um golo, desta feita de… Gyökeres. O goleador sofreu falta de Kluivert dentro da área e nem se sentia confiante para assumir a cobrança. Contudo, depois de ter sido convencido por Nuno Santos, pegou na bola, atirou ligeiramente para a direita de Sequeira e fez o golo com alguma sorte, já que o guarda-redes ainda tocou na bola, mas viu-a passar por baixo do seu corpo (80′). Desta forma, o rei sueco regressou aos golos depois de dois jogos em branco e carimbou o oitavo triunfo do Sporting em oito jornadas.