A decisão foi confirmada à agência Lusa pela presidente da sétima comissão permanente da AML, a social-democrata Mafalda Cambeta, no final de uma reunião, realizada esta quarta-feira, em que foram ouvidos subscritores da petição “Uma casa para os Artistas Unidos”.

Mafalda Cambeta acrescentou que, em simultâneo, vai também solicitar à Câmara de Lisboa um ponto de situação sobre a obtenção de um espaço para a companhia.

Os Artistas Unidos tiveram de sair do Teatro da Politécnica, junto ao Jardim Botânico, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências, por cessação do contrato de arrendamento com a Reitoria da Universidade de Lisboa, continuando, até ao momento, sem teatro.

Subscrita por espectadores e amigos dos Artistas Unidos, a petição tem por objetivo, como se lê no seu texto, que a autarquia de Lisboa obtenha um espaço digno para o trabalho de excelência desde sempre realizado pela companhia fundada em 1995, pelo encenador, ator, dramaturgo e cineasta Jorge Silva Melo, com um grupo de atores.

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A autora da petição, Ana Vasconcelos, sustentou perante os deputados municipais que os Artistas Unidos “têm direito a uma casa” definitiva e não a um espaço temporário que não se coadune com o trabalho que fazem.

“Um dia triste”, “história a repetir-se”: Artistas Unidos em risco com saída da Politécnica sem saber para onde ir

Depois da saída do Teatro da Politécnica, em julho, os Artistas Unidos abriram a nova temporada no mês passado, com a representação de “Búfalos”, de Pau Miró, na Black Box, do Centro Cultural de Belém. Em 27 novembro, contam estrear “Vento Forte”, de Jon Fosse, Nobel da Literatura 2023, no Teatro Variedades, onde vão poder ficar até 22 de dezembro, segundo as datas anunciadas, por a autarquia ter conseguido um espaço na programação da sala recém-reabilitada do Parque Mayer.

Entre os deputados municipais que interpelaram as peticionárias durante a reunião de hoje, contou-se Simonetta Luz Afonso, independente eleita pelas listas do Partido Socialista.

A antiga diretora do Instituto Português de Museus (1991-96), que também presidiu a Assembleia Municipal de Lisboa (2009-13), quis saber para onde foram os Artistas Unidos quando saíram do Teatro da Politécnica, e se sempre irão instalar-se no espaço A Capital, no Bairro Alto, como foi noticiado, e como a Câmara de Lisboa apresentou como destino mais provável, a prazo.

As questões levantadas pela deputada municipal foram acompanhadas por representantes de outras formações partidárias. Para estas perguntas, as peticionárias, porém, não tinham resposta.

“Precisamos de factos concretos. Iremos, certamente, ouvir os Artistas Unidos e a própria Câmara”, observou Simonetta Luz Afonso, no final da sessão.

Os Artistas Unidos fizeram o despejo do Teatro da Politécnica, onde se encontravam desde 2011, no passado mês de julho. Em março de 2022, foram informados pela Universidade de Lisboa de que não seria renovado o contrato de arrendamento do local onde se encontravam.

Desde então, a companhia está sem instalações próprias e sem perspetiva de as vir a ter.

A solução da Câmara Municipal de Lisboa, na altura, apontava para o lugar de origem da companhia, no antigo espaço d’A Capital, no Bairro Alto, de onde tiveram de sair em 2002, por ordem da própria câmara. O local, no entanto, ficou abandonado desde então, tendo de ser sujeito a obras de reconstrução que podem demorar anos.

Depois de a câmara ter apresentado esta possível solução, a Junta de Freguesia da Misericórdia, que abrange o Bairro Alto, manifestou preocupação com a proposta do espaço d’A Capital, por se prever para aí a construção de 45 fogos de renda acessível.

Para os Artistas Unidos a solução, em julho, já tinha de ser imediata. Estão em atividade, têm pessoas no quadro e um contrato de financiamento a cumprir com a Direção-Geral das Artes, no âmbito do Programa de Apoio Sustentado, que estabelece uma programação, num determinado intervalo de tempo, por uma estrutura que garante emprego nas artes. E têm tudo para o garantir, só não têm onde.

Em 2022, quando foi conhecido o termo do contrato de arrendamento dos Artistas Unidos, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou uma recomendação à câmara, apresentada pelo PCP, para que a autarquia desenvolvesse, “com caráter de urgência, todos os esforços” que garantissem a permanência da companhia em Lisboa, “dado o elevado interesse cultural do trabalho desenvolvido de produção e criação, reconhecido pelo município”.