Miguel Albuquerque explicou que o museu ficará instalado na Quinta do Imperador, na freguesia do Monte, nas zonas altas do Funchal, onde Carlos de Habsburgo viveu no exílio, entre 1921 e 1922, e onde morreu em 01 de abril daquele ano.
Atualmente, decorrem obras de recuperação do edifício e reabilitação dos jardins, mas o museu deverá abrir ao público no início de 2025, segundo indicou Miguel Albuquerque.
O presidente do Governo Regional falava no Funchal, no decurso da apresentação do livro “Exiled in Madeira – Documents on the last months of the life of Charles of Austria-Hungary”, uma edição em inglês com a chancela da Fundação Otto de Habsburgo, no âmbito do 100.º aniversário da morte do último imperador da Áustria e rei da Hungria.
A obra, originalmente editada em húngaro, congrega reproduções de fontes documentais da Fundação Otto de Habsburgo e da Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira.
O imperador Carlos I, último titular do império austro-húngaro, tornou-se no primeiro “soberano exilado” na Madeira, após a vitória dos Aliados na 1.ª Guerra Mundial.
A chegada do imperador, uma figura acarinhada pelos madeirenses e ainda hoje alvo de interesse por parte de residentes e visitantes, ocorreu em 19 de novembro de 1921, depois da assinatura do Armistício que pôs fim a quatro anos de guerra (em 1918) e da queda do império austro-húngaro, derrotado no conflito.
Aquando da sua morte, aos 34 anos (após 134 dias a viver na Madeira), foi decretado luto na região – as lojas encerraram as portas e uma grande multidão oriunda de vários pontos da ilha fez questão de lhe prestar homenagem, sendo comum os habitantes irem pedir-lhe também graças na igreja da padroeira da região, onde foi sepultado.
O corpo encontra-se atualmente numa capela tumular, na Igreja do Monte, inaugurada em 1968.
A quinta onde Carlos de Habsburgo viveu foi adquirida em 1982 pelo Governo Regional.
Devido à religiosidade do ex-imperador e a um milagre que lhe é atribuído — a cura, em 1960, de uma úlcera varicosa numa freira polaca, missionária no Brasil — o papa João Paulo II beatificou-o em 2004.
Ainda hoje os seus descendentes deslocam-se à Madeira com frequência, como fazia também o seu filho mais velho, Otto de Habsburgo, que morreu em 2011.