O presidente da Câmara de Lisboa afirmou esta quinta-feira que os migrantes retirados da Igreja dos Anjos precisavam de uma ajuda imediata, pelo que o município desistiu de os instalar no Hospital Militar de Belém.
“Essa solução [para as pessoas em situação de sem-abrigo acantonadas há meses em tendas junto à Igreja dos Anjos] foi encontrada, ela precisava de ser imediata e a solução do Quartel de Belém não era imediata“, justificou Carlos Moedas.
O presidente da Câmara de Lisboa disse ainda que “gostaria” que o Hospital Militar fosse um centro intergeracional, como exige a população da freguesia da Ajuda, mas salientou que isso depende do dono do edifício, que é o Ministério da Defesa.
“Aquilo que eu gostaria era que o Quartel de Belém fosse realmente um centro intergeracional, como foi prometido à população, muito antes de eu estar como presidente da Câmara. Obviamente isso depende do Ministério da Defesa, porque aquele ativo imobiliário, aquele prédio, não é da Câmara Municipal, é do Ministério da Defesa. Mas, a Câmara, do seu lado, vai continuar a lutar para que esse edifício possa ser o centro intergeracional que foi prometido à população”, afirmou o autarca, em declarações aos jornalistas, à margem das Jornadas “Motivar para a Mudança”, organizadas pela Comunidade Vida e Paz, em Lisboa.
Na quarta-feira, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) “deixou de ter interesse” em utilizar o antigo Hospital Militar de Belém, na Ajuda, para acolhimento temporário de imigrantes, posição que o Governo respeita.
“O presidente da Câmara Municipal de Lisboa ouviu os apelos da população que entendeu que não quer localizar aquilo ali. Nós até enquadrámos a possibilidade de no futuro transformar aquilo num centro intergeracional. Ainda assim, a CML, e nós respeitamos, entendeu que devia ter uma estratégia diferente”, afirmou António Leitão Amaro, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
O ministro adiantou que a Câmara de Lisboa “procurou outra estratégia e deixou de ter interesse na concretização do protocolo” que previa que o Governo cedesse o antigo Hospital Militar de Belém para acolher temporariamente imigrantes.
“Da parte do Governo houve a disponibilidade para fazer, preparámos o protocolo, adequá-lo a uma evolução futura para um centro intergeracional, agora ele implicava uma negociação adicional financeira, compreendo as reticências da CML sobre isso”, disse.