Cerca de 2,7 milhões de eleitores uruguaios vão às urnas no domingo para eleições gerais nas quais vão escolher o Presidente, deputados e senadores para o período de 2025 a 2030, além de votar em dois referendos.

Os principais candidatos que estão na corrida presidencial são Yamandú Orsi, da Frente Ampla [esquerda], Álvaro Delgado, do Partido Nacional [conhecido como Blanco], formação conservadora que está atualmente no poder, e Andrés Ojeda, do Partido Colorado [centrista]. No total, 11 candidatos estão a concorrer à Presidência do Uruguai.

Orsi recebeu o apoio, considerado de peso, do ex-Presidente esquerdista José Mujica (2010-2015) e Delgado está a ser apoiado pelo atual Presidente do Uruguai, o conservador Luis Lacalle Pou [do Partido Nacional].

Lacalle Pou garantiu, esta semana, que o seu governo chegará ao último dia a trabalhar como se fosse o primeiro e que a transição governamental será “civilizada” como sempre o foi no país sul-americano.

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As coligações de esquerda estiveram à frente do governo do Uruguai entre 2005 e 2020, mas este ciclo foi interrompido pela vitória de Lacalle Pou em 2020.

O Presidente uruguaio, que pela lei do país não pode concorrer à reeleição, teve uma grande queda na sua popularidade devido aos escândalos de corrupção e espionagem ocorridos durante o seu mandato.

De acordo com as mais recentes sondagens para a Presidência, realizadas esta semana, a consultora Factum indicou que a Frente Ampla alcançaria 44% dos votos, enquanto 24% seriam para o Partido Nacional e 17% para o Partido Colorado.

Por outro lado, a consultora Cifra deu 44% dos votos à Frente Ampla, 24% ao Partido Nacional e 14% ao Partido Colorado.

Durante a campanha, Orsi lembrou a importância de concretizar o acordo pendente entre o Mercosul e a União Europeia (UE), sublinhando ainda que o Uruguai não se rege apenas por afinidades ideológicas e que dever ser, como sempre foi, um articulador no cenário internacional.

Álvaro Delgado, por sua vez, nos seus comícios de campanha insistiu na necessidade da continuidade do governo de Lacalle Pou, através de si, para consolidar o progresso e estabilidade do Uruguai, alertando os eleitores sobre os perigos do retorno da esquerda ao comando do país.

Segundo os especialistas, o Uruguai é um país diferenciado no cenário latino-americano, com índices económicos, sociais e políticos superiores aos demais países da região e só esteve distante dos padrões internacionais – nomeadamente no respeito das liberdades de expressão e direitos humanos – durante a ditadura militar (1973-1985), como ocorreu em vários países na América Latina nas décadas de 1970-80.

No caso de nenhum dos candidatos presidenciais ultrapassarem os 50% dos votos, será realizada uma segunda volta em 24 de novembro entre os dois mais votados.

A Assembleia Geral do Uruguai, país com 3,5 milhões de habitantes, vai renovar nestas eleições o Senado, que é composto por 31 cadeiras [elegem diretamente 30 senadores], e a Câmara dos Representantes, que possuiu 99 lugares.

O mandato do Presidente, dos senadores e deputados é de cinco anos.

Também no domingo, os uruguaios terão de votar em dois referendos, um sobre a reforma do regime de segurança social e outro no âmbito da segurança pública, para a polícia poder realizar rusgas noturnas.