Último lugar da Liga espanhola, uma vitória e seis derrotas em dez jogos, pouco futebol, desespero total por parte dos adeptos. O Valencia atravessa um dos períodos mais conturbados de sempre da sua história, com o recente insucesso caseiro frente ao Las Palmas a trazer episódios mais graves com milhares e milhares de adeptos a juntarem-se em torno do estádio não só para pedirem (mais uma vez) a saída do dono do clube, Peter Lim, mas para fazerem uma “espera” aos jogadores que só não trouxe mais incidentes porque houve uma intervenção policial a dispersar as pessoas. O risco de descida de divisão voltou a aumentar para os che, os problemas fora de campo também se vão avolumando – sendo que agora chegaram… ao Benfica.

Miguel Zorio, antigo dirigente do Valencia nos anos de 2009 e 2010, apresentou esta semana uma denúncia ao Ministério Público português por alegados crimes de corrupção internacional e branqueamento de capitais contra a Benfica SAD, a Valencia SAD, o empresário Jorge Mendes e os auditores das sociedades. “Quero saber onde está o dinheiro que o Valencia pagou ao Benfica por quatro jogadores”, salientou. Na verdade, e olhando para o que está em causa, Zorio acusa as duas sociedades desportivas e o agente de jogadores de desvio de fundos e branqueamento de capitais entre o que saiu e o que entrou entre as vendas.

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De acordo com o jornal Record, que teve acesso à queixa avançada na terça-feira, o ex-vice-presidente fala das transferências entre os dois clubes de jogadores como Rodrigo, André Gomes, João Cancelo e mais tarde Enzo Pérez, bem como a passagem de Jonas do conjunto espanhol para a Luz (apesar de ter chegado a custo zero após rescindir com o conjunto de Valencia), apresentando todos os dados apresentados pelas sociedades à CMVM e as contas consolidadas dos exercícios anuais para chegar à conclusão de que a formação che, que passou a ser detida pela Meriton Holdings de Peter Lim em 2014, “salvou” o clube encarnado.

“André Gomes custou 15 milhões ao Valencia e ao Benfica chegou somente nove. Por Cancelo, saíram do Valencia 15 milhões e chegaram ao Benfica seis. Quando ao Rodrigo, que é o caso mais escandaloso, o Valencia pagou 30 milhões mais dez em variáveis e ao Benfica chegaram apenas 12 milhões mais sete. Ao Benfica falta dinheiro, ao Valencia alegadamente roubaram. É claro que o Valencia colocou quase 100 milhões de euros no Benfica e mais de metade do dinheiro ficou pelo caminho”, frisou Miguel Zorio.

“Com a compra do Valencia por Peter Lim e Jorge Mendes, utilizou-se o dinheiro do Valencia para salvar o Benfica. Creio que se cometeram presumíveis delitos por parte de dirigentes do Benfica, concertados com Lim e Mendes, para tirar do Valencia benefício próprio. O Benfica também é prejudicado”, apontou ainda citado pelo Record, recordando a investigação feita pelo Ministério Público ao Santa Clara. De recordar que Gomes, Cancelo e Rodrigo estiveram cedidos por empréstimo ao Valencia em 2014/15 antes de serem comprados em definitivo em 2015, ano em que Enzo Pérez também deixou a Luz para rumar ao Mestalla.