A era Cristiano Ronaldo já tinha acabado, a era Lionel Messi também parece ter acabado de vez, a Bola de Ouro entrou numa nova era. Depois dos dez triunfos consecutivos dos dois extraterrestres que dominaram o futebol mundial ao longo de quase duas décadas, a que se seguiram cinco anos com mais três triunfos do argentino que furou todo o paradigma ao ser galardoado jogando nos norte-americanos do Inter Miami (por influência do Mundial de 2022, entenda-se), a atribuição do prémio de Melhor Jogador do Ano da France Football virava a página para uma realidade diferente onde não existia essa figura do vencedor antecipado e existia margem para fazer imperar avaliações entre vitórias coletivas e rendimento individual.

Era esse o principal ponto de interesse da cerimónia organizada no Théâtre du Châtelet em Paris, que voltava a ter todos os holofotes concentrados depois da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no verão. E se várias notícias davam conta de um mais do que provável triunfo de Vinícius Jr., havia muito mais por contar numa gala apresentada por Sandy Heribert e pelo antigo avançado Didier Dogba que começou logo ao início da tarde, quando se soube que ninguém do Real Madrid iria marcar presença na cerimónia depois de ser conhecido que o brasileiro não iria receber o galardão – nem Dani Carvajal, que ganhou mais uma Liga dos Campeões a marcar na final e conquistou o Campeonato da Europa de seleções pela Espanha.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Contra a corrente, o foco virava-se para Rodri, médio espanhol do Manchester City. E também na passadeira vermelha, que é um dos pontos fortes da gala da Bola de Ouro, o jogador começou a dar nas vistas: já depois da passagem de vários jogadores e antigas estrelas, entre eles Rúben Dias, Vitinha, João Neves ou Luís Figo, o citizen que foi campeão inglês e por Espanha surgiu de muletas, por estar ainda na fase inicial do longo período de recuperação após uma grave lesão do joelho. Agradeceu a receção que teve à chegada, manifestou o seu orgulho pela segunda presença no evento, disse que não sabia quem iria ganhar – mas “sentia”.

Também no arranque da cerimónia foi possível ver esse “condicionamento” do espanhol, quando muitos dos nomeados presentes na sala foram chamados ao palco principal (com Filipa Patão na fila da frente, a entrar ao lado de Harry Kane) quase que a enaltecer a comparência em contraponto com a ausência de elementos do Real Madrid. De seguida, Lamine Yamal foi o primeiro premiado da noite, com a vitória do Prémio Kopa para Melhor Jogador Jovem do Ano antes de nova distinção para o Barcelona como Melhor Clube Feminino. Seguiu-se o Melhor Clube Masculino para outro conjunto espanhol, neste caso sem representação: o Real Madrid. Passou um filme, foi anunciada a conquista do galardão e… bola para a frente na cerimónia.

Franz Beckenbauer foi também recordado nesta cerimónia, com a mulher, o filho e antigos companheiros como o goleador Karl-Heinz Rummenigge onde nem a versão de cantor do ex-campeão europeu e mundial de clubes e seleções foi esquecida. Simbólico foi também o Prémio Sócrates, que distinguiu Jenni Hermoso, avançada da seleção espanhola que esteve envolvida no polémico beijo de Luis Rubiales após a vitória na final do Campeonato do Mundo feminino e que voltou a apelar à luta pela igualdade no futebol. No decorrer da cerimónia, também Kylian Mbappé e Carlo Ancelotti foram distinguidos sem receberem os seus troféus. Estava a chegar a hora decisiva, com Aitana Bonmatí a repetir o triunfo do ano passado e Rodri a vencer a Bola de Ouro pela primeira vez entre os gritos de “Vini, Vini” na sala antes do anúncio de George Weah.

Bola de Ouro Masculina

  • 1.º: Rodri (Manchester City/Espanha)

  • 2.º: Vinícius Jr. (Real Madrid/Brasil)
  • 3.º: Jude Bellingham (Real Madrid/Inglaterra)
  • 4.º: Dani Carvajal (Real Madrid/Espanha)
  • 5.º: Erling Haaland (Manchester City/Noruega)
  • 6.º: Kylian Mbappé (PSG e Real Madrid/França)
  • 7.º: Lautaro Martínez (Inter/Argentina)
  • 8.º: Lamine Yamal (Barcelona/Espanha)

  • 9.º: Toni Kroos (Real Madrid/Alemanha)

  • 10.º: Harry Kane (Bayern/Inglaterra)

  • 11.º: Phil Foden (Manchester City/Inglaterra)

  • 12.º: Florian Wirtz (Bayer Leverkusen/Alemanha)

  • 13.º: Dani Olmo (RB Leipzig e Barcelona/Espanha)

  • 14.º: Ademola Lookman (Atalanta/Nigéria)

  • 15.º: Nico Williams (Athl. Bilbao/Espanha)

  • 16.º: Granit Xhaka (Arsenal/Suíça)

  • 17.º: Fede Valverde (Real Madrid/Uruguai)

  • 18.º: Emiliano Martínez (Aston Villa/Argentina)

  • 19.º: Martin Ödegaard (Arsenal/Noruega)

  • 20.º: Hakan Çalhanoglu (Inter/Turquia)

  • 21.º: Bukayo Saka (Arsenal/Inglaterra)

  • 22.º: Antonio Rüdiger (Real Madrid/Alemanha)

  • 23.º: Rúben Dias (Manchester City/Portugal)

  • 24.º: William Saliba (Arsenal/França)

  • 25.º: Cole Palmer (Manchester City e Chelsea/Inglaterra)

  • 26.º: Declan Rice (Arsenal/Inglaterra)

  • 27.º: Vitinha (PSG/Portugal)

  • 28.º: Grimaldo (Bayer Leverkusen/Espanha)

  • 29.º: Mats Hummels (B. Dortmund e Roma/Alemanha) e Artem Dovbyk (Girona e Roma/Ucrânia)

Bola de Ouro Feminina

  • 1.ª: Aitana Bonmatí (Barcelona/Espanha)

  • 2.ª: Caroline Graham Hansen (Barcelona/Noruega)
  • 3.ª: Salma Paralluelo (Barcelona/Espanha)

  • 8.ª: Mariona Caldentey (Barcelona e Arsenal/Espanha)

  • 9.ª: Trinity Rodman (Washington Spirit/EUA)

  • 10.ª: Alexia Putellas (Barcelona/Espanha)

  • 11.ª: Patricia Guijarro (Barcelona/Espanha)
  • 12.ª: Barbra Banda (Shanghai Shengli e Orlando Pride/Zâmbia)
  • 13.ª: Lauren James (Chelsea/Inglaterra)
  • 14.ª: Ada Hegerberg (Lyon/Noruega)
  • 15.ª: Khadija Shaw (Manchester City/Jamaica)
  • 16.ª: Tabitha Chawinga (PSG e Lyon/Malawi)
  • 17.ª: Alyssa Naeher (Chicago Red Stars/EUA)

  • 21.ª: Mayra Ramirez (Levante e Chelsea/Colômbia)
  • 22.ª: Glódís Viggósdóttir (Bayern/Islândia)
  • 23.ª: Tarciane (Corinthians e Houston Dash/Brasil)
  • 24.ª: Lea Schüller (Bayern/Alemanha)
  • 25.ª: Sjoeke Nüsken (Chelsea/Alemanha)

  • 26.ª: Yui Hasegawa (Manchester City/Japão)
  • 27.ª: Manuela Giugliano (Roma/Itália)
  • 28.ª: Lauren Hemp (Manchester City/Inglaterra)
  • 29.ª: Ewa Pajor (Wolfsburgo e Barcelona/Polónia)
  • 30.ª: Grace Geyoro (PSG/França)

Melhor Clube Masculino do Ano

  • Real Madrid (Espanha)
  • Outros nomeados: Bayer Leverkusen (Alemanha), B. Dortmund (Alemanha), Girona (Espanha) e Manchester City (Inglaterra)

Melhor Clube Feminino do Ano

  • Barcelona (Espanha)
  • Outros nomeados: Chelsea (Inglaterra), Lyon (França), NJ/NY Gotham (EUA) e PSG (França)

Melhor Treinador Masculino do Ano

  • Carlo Ancelotti (Real Madrid/Itália)

  • Outros nomeados: Xabi Alonso (Bayer Leverkusen/Espanha), Luis de la Fuente (Espanha/Espanha), Gian Piero Gasperini (Atalanta/Itália), Pep Guardiola (Manchester City/Espanha) e Lionel Scaloni (Argentina/Argentina)

Melhor Treinador Feminino do Ano

  • Emma Hayes (Chelsea e EUA/Inglaterra)
  • Outros nomeados: Sonia Bampostor (Lyon/França), Arthur Elias (Corinthians e Brasil/Brasil), Jonatan Giráldez (Barcelona/Espanha), Filipa Patão (Benfica/Portugal) e Sarina Wiegman (Inglaterra/Países Baixos)

Prémio Kopa Melhor Jovem

  • Lamine Yamal (Barcelona/Espanha)

  • Outros nomeados: Pau Cubarsí (Barcelona/Espanha), Garnacho (Manchester United/Argentina), Arda Güler (Real Madrid/Turquia), Karim Konaté (Salzburgo/Costa do Marfim), Kobbie Mainoo (Manchester United/Inglaterra), João Neves (Benfica e PSG/Portugal), Savinho (Girona e Manchester City/Brasil), Mathys Tel (Bayern/França) e Warren Zaïre-Emery (PSG/França)

Prémio Yashin Melhor Guarda-redes

  • Emiliano Martínez (Aston Villa/Argentina)
  • Outros nomeados: Unai Simón (Athl. Bilbao/Espanha), Andriy Lunin (Real Madrid/Ucrânia), Gianluigi Donnarumma (PSG/Itália), Mike Maignan (AC Milan/França), Yann Sommer (Inter/Suíça), Giorgi Mamardashvili (Valencia/Geórgia), Diogo Costa (FC Porto/Portugal), Ronwen Williams (Mamelodi Sundowns/África do Sul) e Gregor Kobel (B. Dortmund/Suíça)

Prémio Gerd Müller Melhor Marcador

  • Harry Kane (Bayern/Inglaterra) e Kylian Mbappé (PSG e Real Madrid/França)

Prémio Sócrates

  • Jenni Hermoso (Barcelona e Tigres/Espanha)