Os deputados da Comissão de Orçamento aprovaram esta quarta-feira os requerimentos do PCP e do PS para audição do presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, sobre a diminuição de serviços bancários a nível nacional.
Segundo fonte parlamentar, ambos os requerimentos foram aprovados por unanimidade.
Os deputados querem questionar a administração executiva do banco público sobre decisões recentes que implicam a redução de serviços bancários quer em Portugal Continental quer nos arquipélagos dos Açores e Madeira.
O Público noticiou a semana passada, em manchete, que a CGD “reduz serviços no interior e ilhas” ao transformar dezenas de agências que até aqui ofereciam todos os serviços (designadamente levantar e depositar dinheiro ao balcão) em espaços mais pequenos e com menos serviços.
Em 3 de outubro, a Lusa tinha noticiado um comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) do banco em que esta denunciava aquilo que dizia ser “o incumprimento” da CGD do “dever de serviço público bancário”.
Em declarações à Lusa, o presidente da CT da CGD, Jorge Canadelo, afirmou que este problema se está a colocar, sobretudo, em agências do interior de Portugal continental e das ilhas e que isso é feito pondo em causa a sustentabilidade da empresa no futuro e sem qualquer “visão crítica” da tutela, o Governo.
Questionada pela Lusa, fonte oficial do banco público afirmou que “é completamente falso que a CGD esteja a reduzir serviços, nomeadamente no interior ou nas ilhas” e que “só por manifesta má-fé o investimento superior a 70 milhões de euros que a Caixa está a realizar sua extensa rede de agências pode ser entendido como recuo de serviços, quando o mesmo se insere num plano de transformação digital que visa servir mais e melhor os seus clientes onde quer que eles estejam”.
Segundo a CGD, a criação de agências de nova geração “não deixa ninguém para trás e aumenta de forma significativa a sua capacidade de serviço aos clientes, nomeadamente nas disponibilidades de tesouraria”
A CGD disse ainda que a CGD não ficará “parada no tempo, agarrada a um passado que já não existe” e que os planos de transformação visam “garantir o futuro hoje”.
A redução de serviços bancários pela CGD levou a contestação de autarcas e autoridades locais.
A associação de defesa do consumidor Deco considerou, a semana passada, que a exclusão bancária está a aumentar e que há populações no interior no país, sobretudo mais velhas, que têm cada vez menos acesso a serviços bancários.
“Esta banca está a deixar de ser para velhos. Há claramente populações no interior do país que estão a ser abandonadas pela banca. Isto agravou-se” desde o estudo feito pela Deco em 2022, disse à Lusa o economista Nuno Rico, da Deco.