A inauguração do Pavilhão Julião Sarmento, em Lisboa, com a coleção do artista, de mais 1.200 obras, prevista para segunda-feira, foi adiada, disse à agência Lusa fonte da Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Contactada pela Lusa, fonte da comunicação da CML, que tutela o espaço museológico, indicou que a nova data da inauguração do equipamento cultural “será anunciada oportunamente”.

A data de 4 de novembro tinha sido anunciada pelo presidente da autarquia, Carlos Moedas, em julho, quando fez um balanço dos projetos e das atividades culturais da cidade de Lisboa, dois meses após ter assumido a pasta municipal da Cultura.

Com direção artística da curadora Isabel Carlos, o Pavilhão Azul, um antigo armazém de alimentos na Avenida da Índia, em Belém, vai receber o espólio do artista que nasceu precisamente a 4 de novembro 1948, daí a escolha da data de inauguração.

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A curadora Isabel Carlos foi selecionada, na altura, por um júri composto por Pedro Moreira, presidente da empresa municipal Lisboa Cultura, anteriormente designada EGEAC — Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, pelo administrador do Centro Cultural de Belém Delfim Sardo e pela diretora das Galerias Municipais e do Atelier-Museu Júlio Pomar, Sara Antónia Matos.

Crítica de arte e curadora, Isabel Carlos foi cofundadora e subdiretora do Instituto de Arte Contemporânea, diretora artística da Bienal de Sydney, na Austrália, diretora do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e esteve no conselho de administração da Fundação Arpad Szenes — Vieira da Silva.

Em fevereiro foi assinado o acordo de parceria entre a EGEAC e a Coleção Associação Julião Sarmento e, na ocasião, o seu representante, Luís Sáragga Leal, explicou tratar-se de “uma coleção notável de mais de 1.200 obras dos principais artistas nacionais, mas também muitos internacionais”, que “tem como fio condutor o facto de serem amigos do Julião Sarmento”.

A ideia de doar este acervo à Câmara Municipal surgiu depois de o artista plástico ter exposto parte da sua coleção, em 2015, na mostra “Afinidades Eletivas”, dividida entre o então Museu da Eletricidade, integrado no atual Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), e a Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.

Ainda em vida, Julião Sarmento considerou que o Pavilhão Azul seria “perfeito”, pela localização no eixo museológico de Belém.

Anunciado em 2017, o projeto de recuperação do edifício surgiu na sequência da assinatura de um protocolo de parceria entre o artista visual e a autarquia, tendo sido em fevereiro assinada uma nova parceria.

A coleção de Julião Sarmento inclui obras de Joaquim Rodrigo, de quem Sarmento foi assistente, e de outros artistas portugueses que cruzaram a sua vida, como Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Jorge Molder, Rui Chafes, João Vieira, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis, Fernando Calhau, Rui Toscano, Alexandre Estrela e Vasco Araújo.

Artistas estrangeiros também estão representados na coleção privada, como Andy Warhol, Marcel Duchamp, Robert Frank, James Turrell, Jeff Wall, Wolf Vostell, Cindy Sherman, Nan Goldin, Adriana Varejão e Marina Abramovic.

Julião Sarmento morreu em 4 de maio de 2021.