O Teatro Luís de Camões — LU.CA, em Lisboa, vai debruçar-se em novembro sobre o poeta Alexandre O’Neill (1924-1986), com um espetáculo, uma exposição, oficinas e programação online, anunciou aquela instituição.
No ano em que se assinala o centenário de nascimento de Alexandre O’Neill, o LU.CA apresenta, em estreia nacional, o espetáculo “Um Poeta em Forma de Assim: Visita Guiada à Cabeça de O’Neill“.
Em cena entre 8 e 24 de novembro, o espetáculo propõe uma “visita teatral pelos objetos desta invulgar cabeça-museu”, onde se vai “conhecer de perto a forma de ser e escrever do poeta”.
A criação e interpretação é de Malu Vilas Boas, o texto de Ana Markl e Luís Leal Miranda, o apoio à criação de Sara Inês Gigante, a cenografia e adereços de Lavandaria, e a música e sonoplastia de Alexandra Cuecas.
A programação em torno de Alexandre O’Neill começa dia 4, com a programação online, disponível no Spotify do LU.CA a partir desse dia, “uma espécie de banda sonora para um filme que não existe“, mas que os jovens podem ir fazendo na sua cabeça.
As récitas de dias 22 e 23 terão interpretação em Língua Gestual Portuguesa e a de dia 24 audiodescrição.
“Sobre o museu que esconde a cabeça de O’Neill”, a Lavandaria e Luís Leal Miranda criaram também “uma exposição fantasiada de Loja a Fingir do Museu Imaginário”, patente no entrepiso do teatro de segunda a sexta-feira, de 8 de novembro a 1 de dezembro.
Uma oficina para famílias, por Ana Ribeiro, com edições agendadas para 9, 16 e 23 de novembro, direcionada para crianças dos 4 aos 6 anos acompanhadas por um adulto e inspirada nos “Divertimentos com Sinais Ortográficos”, de Alexandre O’Neill, consta também do ciclo.
A nível da programação online do ciclo, há destaque ainda para “Poemas para Estes Dias“, com dois poemas de Alexandre O’Neill, interpretados por Miguel Fragata e Pedro Mourão.
Com “vídeopoemas” ilustrados e animados por Eduarda Lima, os a iniciativa terá música de Philippe Lenzini, e estará disponível, dias 06 e 20 de novembro, nas plataformas digitais do LU.CA.
Nascido em dezembro de 1924 em Lisboa, Alexandre O’Neill foi escriturário até 1952, começou a escrever prosa e poesia para vários jornais em 1957 e iniciou-se como redator de publicidade em 1959.
Ficaram famosos alguns slogans que criou, ainda que por vezes chumbados por quem lhos pedia, como é o caso de “Há mar e mar, há ir e voltar”, encomendado pelo Instituto de Socorros a Náufragos, para uma campanha de prevenção de afogamentos, que terá recusado a primeira versão criada por O’Neill: “Passe um verão desafogado”.
Cofundador do Grupo Surrealista de Lisboa — juntamente com Mário-Henrique Leiria, Mário Cesariny, António Pedro e José-Augusto França -, do qual se afastou depois, foi detido pela polícia política do Estado Novo em mais do que uma ocasião.
Escreveu letras de canções, para televisão, cinema e teatro. Foi distinguido, em 1982, com o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários.