Os olhos do mundo estão centrados nos EUA, a véspera da decisão entre Kamala Harris e Donald Trump foi também um momento propício para uma barrigada de basquetebol com um total de 15 encontros ao longo de toda a madrugada mediante o fuso horário. Em Portugal, começou à meia noite, acabou já depois das 5h da manhã e teve várias surpresas pelo meio a confirmar algumas mudanças de paradigma na NBA. Entre tudo isso, houve uma figura mais uma vez em destaque – e mais uma vez a fazer história. Neemias Queta foi o primeiro jogador nacional a jogar na principal liga norte-americana, tornou-se por inerência o primeiro a jogar em duas equipas diferentes e chegou também ao topo como primeiro campeão. No entanto, aquela festa de início de temporada a receber o anel de vencedor da época de 2024 foi apenas o início de algo mais.

Neemias, o anel de campeão e uma noite histórica: Celtics igualam recorde de triplos no arranque da NBA entre 4.20 minutos do português

No ano passado, em estreia pelos Boston Celtics depois da dispensa dos Sacramento Kings que durante duas semanas ainda pareceu colocar a sua continuidade na NBA em causa, o poste de 25 anos foi andando entre a G League (Maine Celtics) e o conjunto principal por ter um contrato two way que lhe permitia ganhar ritmo competitivo na filial para estar preparado para as chamadas de Joe Mazzulla na NBA. A certa altura, havia uma decisão a tomar: assinar como jogador dos Celtics a 100% ou procurar outras soluções. Apesar de ter jogado muito pouco a partir dos playoffs, Neemias Queta ficou e renovou. Agora percebe-se porquê.

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“Mais solto, mais seguro e a fazer o que sabe melhor”: Neemias precisou de apenas 14 minutos para se mostrar em nova vitória dos Celtics

O português voltou a ser utilizado pelos Celtics na deslocação a Atlanta para defrontar os Hawks mas, pela primeira vez, entrou no cinco inicial de Joe Mazzulla. A ausência por lesão de Jaylen Brown, que se juntou a Kristaps Porzingis (que ainda não jogou esta temporada), fez com que o treinador optasse por uma estratégia diferente para o encontro, apostando em Al Horford na posição 4 de extremo/poste e no jogador nacional como poste. Esse é o principal dado da noite: Mazzulla tinha Payton Pritchard para manter a lógica dos quatro atiradores em campo, contava com Luke Kornet que é um dos principais jogadores de rotação mas quis lançar de início Neemias em mais um dia histórico na NBA. Começou bem, acabou ainda melhor.

O número 88 teve o maior tempo de utilização da temporada de 2024/25, com um total de 23 minutos (ou seja, jogou quase metade do encontro), marcou dez pontos, ganhou sete ressaltos, fez um afundanço e um alley-oop, fez um desarme de lançamento e conseguiu ainda um roubo de bola. O carimbo de mais uma noite para recordar chegou numa outra estatística a que os norte-americanos ligam muito e que mostra como foi capaz de ajudar a equipa: o português, a par de Derrick White, foi aquele que teve a maior diferença positiva entre pontos marcados e sofridos pela equipa quando esteve em campo (+31). De forma natural, os Celtics voltaram a “passear” diante dos Hawks, com um triunfo claro por 30 pontos de diferença (123-93).

Contas feitas, Neemias foi o quinto melhor marcador da equipa, apenas atrás de Jayson Tatum (28), White (21), Pritchard (18) e Jrue Holiday (16). Em termos coletivos, os Celtics mantiveram o segundo lugar da Conferência Este com sete vitórias e apenas uma derrota (só atrás dos Cleveland Cavaliers) e ocupam a terceira posição na NBA (os Oklahoma City Thunder, de Oeste, também só têm triunfos). Já no plano mais individual, o português participou em sete dos oito encontros da formação de Boston em 2024/25 e leva uma média de 5,7 pontos e 4,6 ressaltos em quase 14 minutos, valores acima da última temporada.

“Ele cresceu muito como jogador e está a começar a aperceber-se o quão bom pode ser. Coloca a sua fasquia de exigência num plano muito alto. Esta noite fez coisas ótimas para nós. O mérito é todo dele porque é um jogador que trabalha muito, que se preocupa em chegar o mais alto possível, que quer ser treinado para evoluir e sinto-me grato que me dê essa oportunidade para fazê-lo. Conseguimos ver o que pode ser quando está no seu melhor e vai ajudar-nos muito durante a época”, destacou Joe Mazzulla no final de mais um encontro para a história de Neemias Queta na NBA. Uma história que está cada vez mais longe de parar…