A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu esta terça-feira que não esperava as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar, adiantando que a tutela está a trabalhar para que nos próximos dias sejam criadas “linhas alternativas de apoio”.

“Não podemos prometer que de um dia para o outro teremos um atendimento mais rápido, mas posso dizer que há duas medidas que tomaremos e que já estamos a tomar. Uma é os técnicos de emergência pré-hospitalar estarem mais dedicados à orientação de doentes urgentes e também, nas próximas 24/48 horas, termos linhas alternativas de apoio“, disse Ana Paula Martins à margem da inauguração da Unidade de Endoscopia Digestiva dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa (SSCML), através de um acordo com Serviço Nacional de Saúde (SNS), que vai permitir a realização de cerca de 5.000 exames por ano.

A governante explicou que compreende muito bem a luta, porque “os técnicos de emergência pré-hospitalar sentem-se injustiçados”.

“Não estávamos à espera, porque estamos de boa-fé, a querer realmente […] a avançar para uma negociação. Não estávamos à espera que, neste momento, os técnicos de emergência pré-hospitalar se recusassem a fazer horas extraordinárias, mas compreendemos, porque a falta de pessoal é tanta, que as horas extraordinárias acabam por ser a única forma de compensar”, observou.

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A ministra disse ainda que, em coordenação com o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Sérgio Janeiro, o Ministério da Saúde prevê “mais meios disponíveis, mais ambulâncias”. “Essas ambulâncias estão a ser geridas pelos nossos parceiros, pelos bombeiros e pela Cruz Vermelha Portuguesa, a quem eu aproveito para agradecer muito por não nos falharem nas alturas mais difíceis”, sublinhou.

Ao início da tarde desta terça-feira a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) alertou que “o colapso” do sistema de triagem de doentes gerido pelo INEM está a criar uma “pressão extraordinária” nas corporações de bombeiros. Desde quarta-feira, que os funcionários do INEM — uma estrutura que tem menos de metade de elementos do que o previsto no quadro — estão a fazer greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.

Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro em todo o país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112. O INEM já confirmou o impacto da greve e recomendou às pessoas que não desliguem as suas chamadas até serem atendidas.

Depois de recordar que se deve ligar para o número europeu de emergência 112 “apenas em situações graves ou de risco de vida”, o instituto salientou ser “importante que o contactante não desligue a chamada enquanto não for atendido por um profissional, pois estas são sempre atendidas por ordem de chegada”.

“No caso de a chamada ficar em espera, os utentes devem aguardar que seja atendida pelos profissionais do CODU, ao invés de desligar e tornar a ligar. Esta ação vai colocar a chamada no fim da fila de chamadas em espera, apenas servindo para atrasar o atendimento da mesma”, referiu o instituto em comunicado.

De acordo com o INEM, são atendidas, por hora, 28 chamadas que não são emergências médicas, 18% do total de chamadas recebidas na central.