E tudo Stefano Pioli mudou… num mês. A dispensa de Luís Castro do comando técnico do Al Nassr teve o condão de inverter o padrão de resultados (e exibições) aquém das expetativas mas, depois de uma série de sete vitórias consecutivas do conjunto de Riade, a tormenta regressou em dose tripla ao conjunto de Cristiano Ronaldo e companhia: empate inesperado frente ao aflito Al Kholood na Liga a aumentar o fosso para o topo da classificação, eliminação da Taça do Rei saudita com uma derrota diante do Al Taawoun (e com o capitão a falhar uma grande penalidade nos descontos), novo encontro sem ganhar com o Al Hilal de Jorge Jesus que manteve a diferença entre ambos nos seis pontos. A “mudança” prometida sofreu um enorme retrocesso.
Agora, na tentativa de quebrar essa série de três partidas sem triunfos, seguia-se o Al Ain para a Champions asiática. Olhando apenas para o nome, poderia pensar-se até na ideia de “vingança”, tendo em conta que foi o conjunto dos EAU que eliminou o Al Nassr da competição continental no desempate por grandes penalidades nos quartos. No entanto, o técnico Hernán Crespo enfrenta agora novos desafios que têm travado o melhor da equipa, que entrava na quarta jornada da fase de grupos fora dos oito apurados. Se a formação de Riade estava obrigada a ganhar para afastar a má fase e manter-se na corrida aos lugares cimeiros dos grupos (com vantagem naquilo que se segue na prova), o campeão em título tinha de vencer para entrar nos apurados.
Também Ronaldo tinha uma série por “quebrar”. Após marcar em 12 dos primeiros 14 jogos oficiais da nova temporada, o avançado português estava em branco há 270 minutos mas nem isso parecia afetar a confiança para o que seguia. “A batalha está longe de acabar. Obrigado a todos pelo apoio!”, escreveu depois do empate com o Al Hilal. “Jogo de recuperação forte! Tento usar o banho de gelo com a maior frequência possível para ajudar a repor e recuperar o meu corpo para cada jogo que se aproxima!”, destacou de seguida, numa publicação nas suas redes sociais onde mostrava o que fazia entre encontros para surgir ao melhor nível, entre sete minutos na banheira de gelo e oito horas de sono acompanhados através da aplicação WHOOP.
Recovery game strong! I try to use the ice bath as frequently as possible to help reset and recover my body for each upcoming game!!
All of it tracked on my @WHOOP pic.twitter.com/RZhrsCv7X8
— Cristiano Ronaldo (@Cristiano) November 2, 2024
Desde que chegou à Arábia Saudita, e excetuando encontros de fases finais de grandes provas de seleções, o avançado nunca tinha estado mais do que três jogos sem marcar. Nunca tinha estado e assim continua: CR7 voltou aos golos, chegou ao 908 na carreira e empurrou o Al Nassr também para o regresso aos triunfos.
A história da partida ficou praticamente sentenciada na primeira parte, com o conjunto de Riade a ter uma entrada arrasadora que deixou o Al Ain sem capacidade de resposta: Talisca inaugurou o marcador num tiro de pé direito depois de uma boa subida com bola do central Simakan (5′), Ronaldo aumentou para 2-0 numa recarga a defesa incompleta de Eisa para a frente depois de um remate de Sadio Mané (31′) e Fábio Cardoso, central português emprestado à equipa dos EAU, marcou na própria baliza ao desviar de forma involuntária um cruzamento rasteiro de Ângelo após combinação com Mané na esquerda (38′). O Al Nassr estava mais do que embalado para o regresso aos triunfos, sendo que a facilidade com que conseguia criar volume ofensivo no meio-campo contrário deixou sempre a ideia de que a vantagem poderia ser ainda maior.
No segundo tempo, apesar das facilidades concedidas pelo adversário, os visitados foram perdendo alguma intensidade no jogo sem bola e abriram uma réstia de esperança para o Al Ain sonhar com algo mais depois de fazer o 3-1 com um autogolo de Bento, que levou com a bola nas costas após um remate de longe ao poste de Park Yong-woo (56′), e de falhar de forma incrível o 3-2 por Abdoul Karim Traoré isolado na pequena área a ter apenas de desviar para a baliza mas as mexidas promovidas por Pioli, incluindo a saída de Ronaldo, tiveram um resultado quase imediato com Wesley a entrar e a fazer o 4-1 num remate cruzado (81′). Já em período de descontos, Talisca surgiu nas costas da defesa, desviou de Eisa e marcou o 5-1 final (90+4′).