O português Miguel Gomes, o espanhol Jonás Trueba e a francesa Patricia Mazuy são os três cineastas que vão ter retrospetivas das duas obras na 18ª edição do LEFFEST — Lisboa Film Festival, que se realiza entre 8 e 17 de novembro nos cinemas São Jorge e Nimas, no Teatro Tivoli, no Teatro do Bairro, no MUDE — Museu do Design e da Moda e no Liceu Camões.

Entre outros destaques do LEFFEST 2024, e para lá das habituais secções competitiva (com 12 filmes) e fora de competição e da Descobertas, constam programas especiais dedicados à Palestina, aos 100 anos da morte de Franz Kafka e aos 500 anos do nascimento de Camões, duas sessões sobre a história e a cultura do Líbano, uma secção com os filmes de cinema e televisão inéditos de Michael Haneke, ou ainda a exibição das séries Families Like Ours, de Thomas Vinterberg, e O Americano, de Ivo M. Ferreira.

Não faltam também os já tradicionais eventos paralelos relacionados com as outras artes: exposições, lançamento de livros, uma Noite de Poesia, masterclasses, concertos e debates. Escolhemos uma dezena de filmes das várias secções, sessões especiais e programas do festival (ver aqui a programação completa).

“Rendez-vous Avec Pol Pot”

De Rithy Panh

Em 1978, três jornalistas franceses são convidados para visitar o Cambodja de Pol Pot, o ditador comunista genocida. Por essa altura, já dois milhões de cambodjanos foram assassinados pelo regime dos Khmer Vermelhos. Durante a sua estadia, a máscara da propaganda cai e a viagem torna-se num pesadelo. Rithy Pan continua a tarefa de denúncia do horror sanguinário que atingiu o seu país nos anos 70. (Segunda-feira, dia 11, São Jorge — Sala Manoel de Oliveira, 17h30/Terça-feira, dia 12, São Jorge — Sala 3, 16h00)

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“O Meu Bolo Favorito”

De Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha

A repressão do governo iraniano abateu-se sobre os dois autores deste filme que põe em cena uma viúva de 70 anos que vive sozinha em Teerão, após a filha ter ido viver para o estrangeiro e tem apenas um grupo de amigas com as quais almoça todas as semanas. Uma conversa durante uma destas refeições leva-a a reavivar a sua vida sentimental, ao conhecer um taxista. (Quarta-feira, dia 13, São Jorge — Sala Manoel de Oliveira, 18h00/Sexta-feira, dia 15, São Jorge, Sala 3, 18h30)

“The New Year That Never Came”

De Bogdan Muresanu

Bucareste, 20 de Dezembro de 1989. O regime comunista encabeçado por Nicolae Ceausescu está prestes a cair, e este a ser fuzilado com a sua mulher, e a Roménia a entrar numa nova era da sua história. O realizador Bogdan Muresanu pega em seis personagens muito diferentes e cruza os seus caminhos, no meio de protestos coletivos e de problemas pessoais. (Quarta-feira, dia 13, Nimas, 11h00/Quinta-feira, dia 14, São Jorge — Sala Manoel de Oliveira, 18h30)

“Maldoror”

De Fabrice du Welz

Este policial de produção franco-belga inspira-se no caso do assassino e pedófilo Marc Dutroux, que abalou a Bélgica em 1996, e mistura factos e ficção. A história segue Paul Chartier, um jovem e impulsivo polícia envolvido na investigação daquele. Quando a operação falha, Chartier, revoltado, decide prescindir das regras do sistema e caçar o suspeito à sua maneira. (Terça-feira, dia 12, São Jorge — Sala Manoel de Oliveira, 20h30/Sexta-feira, dia 15, Nimas, 16h30)

“Oh, Canada”

De Paul Schrader

Leonard Fife (Richard Gere) é um de muitos milhares de americanos que fugiram a combater na Guerra do Vietname e se instalaram no Canadá, nas décadas de 60 e 70. Agora um aclamado documentarista a sofrer de cancro em fase terminal, Fife aceita ser entrevistado por uma equipa de antigos alunos, na presença da sua mulher, Emma (Uma Thurman), e ao mergulhar fundo no passado, acaba por desmitificar a sua vida mitificada. (Terça-feira, dia 12, Tivoli, 17h00)

“O Quarto ao Lado”

De Pedro Almodóvar

Julianne Moore e Tilda Swinton são as principais intérpretes da primeira longa-metragem de Pedro Almodóvar em língua inglesa, vencedora do Leão de Ouro no Festival de Veneza, e que abre o LEFFEST. Elas são, respetivamente, Ingrid, uma escritora que se tornou famosa pelo seu medo da morte, e Martha, uma sua amiga da juventude e correspondente de guerra, com a qual perdeu contacto e que decide visitar quando sabe que está doente. (Sexta-feira, dia 8, Tivoli, 19h00)

“La Prisonnière de Bordeaux”

De Patricia Mazuy

A realizadora francesa Patricia Mazuy, que é homenageada com uma retrospetiva da sua obra neste LEFFEST, dá aqui a Isabelle Huppert o papel de Alma Lund, uma mulher abastada que vive numa grande casa em Bordéus e tem o marido a cumprir pena numa penitenciária. Durante uma das visitas, faz amizade com Mina (Hafsia Herzi), uma jovem mãe que mora nos subúrbios e tem dificuldades financeiras, e cujo marido também ali está encarcerado. (Sábado, dia 9, Nimas, 21h30)

“Parthenope”

De Paolo Sorrentino

Nascida em Nápoles em 1950, Parthenope é uma mulher que tem o nome clássico da sua cidade, e da sereia da mitologia que o inspirou.  O também napolitano Paolo Sorrentino, autor de A Grande Beleza, Silvio e os Outros ou A Mão de Deus, dá-lhe aqui os traços de Celeste Dalla Porta na juventude, e de Stefania Sandrelli na idade adulta, acompanhando a sua busca pelo amor e pela felicidade nos longos verões de Nápoles. (Sábado, dia 9, Tivoli, 21h00)

“Calígula — The Ultimate Cut”

De Tinto Brass

O célebre filme histórico sobre Calígula escrito por Gore Vidal e realizado por Tinto Brass em 1979, tem conhecido várias versões ao longo dos anos, desde que o seu produtor Bob Guccione, dono da revista Penthouse, o transformou numa fita pornográfica hardcore após a rodagem, levando a que Vidal e Brass a renegassem. Esta nova versão, com 173 minutos, é da responsabilidade do produtor Thomas Negovan, tem a aprovação de Malcom McDowell, que interpreta o depravado imperador romano, uma nova banda sonora e baseia-se em quase 100 horas de imagens nunca vistas, dispensando as da versão estreada originalmente. (Sábado, dia 9, Tivoli, 17h15)

“O Cavaleiro da Rosa”

De Robert Wiene

Este filme mudo do autor de O Gabinete do Doutor Caligari, e expoente do expressionismo alemão, realizado em 1925, vai ser apresentado no formato de Cine-Concerto e em cópia restaurada. A Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção do maestro Pedro Amaral, acompanha a projeção interpretando ao vivo a partitura original da ópera cómica homónima de Richard Strauss, com libreto de Hugo von Hofmannsthal, em que Robert Wiene baseou o argumento da fita. É a história de um triângulo amoroso ambientado no meio aristocrático de Viena, no século XVIII. (Domingo, dia 10, Tivoli, 17h00)