O final de temporada de 2021 marcou uma mudança de paradigma na Fórmula 1. Foi a partir desse ano que Max Verstappen começou a dominar a categoria máxima do automobilismo e a Red Bull estabeleceu uma hegemonia que perdura até aos dias de hoje. Foi também a partir daí que a instabilidade tomou conta do cargo de diretor de corrida, ao ponto de a Federação Internacional do Automóvel (FIA) continuar a proceder a alterações no posto mais importante de coordenação dos Grandes Prémios. Afinal, o polémico Grande Prémio de Abu Dhabi de 2021, que culminou no triunfo do neerlandês abrira um precedente.

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Fruto dessa corrida, o australiano Michael Masi foi afastado do cargo e a FIA decidiu apostar num direção de corrida bipartida, partilhada pelo português Eduardo Freitas e o alemão Niels Wittich. Contudo, a polémica continuou instalada e depois de ter estado em oito Grandes Prémios em 2022, Freitas viria a ser afastado por, no Japão, ter decidido colocar em pista uma viatura de apoio numa altura em que a pista estava molhada e os pilotos longe de estarem reagrupados. Deste modo, Wittich continuou como diretor de corrida… até agora.

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Depois de quase três anos no cargo, o alemão foi afastado do cargo com efeitos imediatos “para procurar novas oportunidades”, disse a FIA em comunicado, acrescentando: “Niels desempenhou as inúmeras responsabilidades como diretor de corrida com profissionalismo e dedicação. Agradecemos-lhe pelo seu empenho e desejamos-lhe o melhor para o futuro”. Na mesma nota, a autoridade que rege o desporto automóvel deu conta que o substituto será Rui Marques, que vai estar em ação já no Grande Prémio de Las Vegas, entre 21 e 23 de novembro, tornando-se assim no segundo português a ocupar o cargo.

Anteriormente comissário internacional e diretor de corridas na Fórmula 2 e Fórmula 3, onde chegou em 2022, Marques vai ser assim o segundo português com um alto cargo na Fórmula 1, juntando-se a Nuno Pinto, treinador pessoal de Lance Stroll na Aston Martin. Com os títulos de campeão do mundo e de construtores ainda por decidir, não se espera que a missão do português seja fácil, ainda que Verstappen esteja bem encaminhado para revalidar o troféu. Contudo, no caso das equipas, a luta continua a três, com McLaren, Ferrari e Red Bull. A corrida de estreia promete fazer correr muita tinta, num circuito que o ano passado tornou-se polémico devido ao levantamento de uma tampa de esgoto.

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“O Rui traz uma vasta experiência tendo atuado anteriormente como comissário de pista, inspetor de circuitos, comissário nacional e internacional, vice-diretor de corrida e diretor de corrida em vários campeonatos. Mais recentemente ocupou o cargo de diretor de corrida de Fórmula 2 e Fórmula 3″, sublinhou a FIA no comunicado, relembrando que, ao longo da sua carreira, Rui Marques passou pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), a Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) e as 24 Horas de Le Mans, onde foi adjunto de Eduardo Freitas.

Natural de Lisboa, Rui Marques tem 51 anos e é adepto confesso do Sporting. Foi diretor de corrida da Fórmula 2 e Fórmula 3 nos últimos dois anos, depois de ter sido bem sucedido como diretor de corrida adjunto no WTCR. Foi precisamente nessa categoria do desporto automóvel que Marques esteve mais de uma década, tendo passado também pela comissão de voluntários e oficiais. Um dos fatores que explica a subida paulatina do português é a forma como olha para a segurança, com as equipas, pilotos, circuitos, adeptos e organizadores das provas a darem particular importância a este índice.

“A parte mais desafiadora do meu trabalho é a segurança. A segurança é sempre a maior preocupação, a segurança dos pilotos, dos stewards e de todos os envolvidos no automobilismo. Essa é a principal preocupação do nosso trabalho”, explicou Rui Marques em entrevista no início deste ano.