A marcação de uma nova greve para esta sexta-feira está a deixar os pais e encarregados de educação dos alunos do agrupamento de escolas D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, mais preocupados que nunca. É a sétima greve marcada desde setembro e o cenário não é animador: os alunos do secundário já perderam o equivalente a uma semana de aulas. Apelando à contratação de mais pessoal não docente e à melhoria das condições da sua carreira, cerca de 300 pessoas uniram-se para enviar uma carta aberta àqueles que esperam que resolvam o assunto: Ministério da Educação, presidente e vereadora da Educação da Câmara Municipal de Lisboa e, ainda, à Junta de Freguesia do Areeiro.

“O número insuficiente de pessoal não docente não só leva ao desgaste dos [profissionais] existentes, a situações incomportáveis no caso de doença ou ausência de alguém, mas também a relatos de aumento de bullying ou de falta de supervisão nos recreios e espaços comuns das várias escolas. Perde a qualidade de ensino, perdem os alunos e perde a comunidade”, lê-se na carta aberta assinada por 300 pais e encarregados de educação de alunos do agrupamento de escolas D. Filipa de Lencastre — que abarca o Jardim de Infância António José de Almeida, a Escola Básica 1 São João de Deus e a Escola Básica 2 e 3 D. Filipa de Lencastre, num total de quase 2 mil alunos.

Desde o início do ano letivo, o agrupamento “enfrentou já sete greves que fecharam uma ou mais escolas”, sendo que os alunos do ensino secundário “perderam já uma semana de aulas, em comparação com outros estudantes de outras escolas da mesma freguesia, com os quais irão concorrer em pé de igualdade pelo acesso ao Ensino Superior, daqui a mais ou menos seis meses”, lê-se na carta, com data de 12 de novembro.

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Os 300 pais que assinam este documento consideram que não só esta realidade é “injusta” para as famílias, como também o é “para as escolas, os docentes e para todos os trabalhadores que têm de recorrer à greve para alertar para os vários problemas que enfrentam“.

Salientando que “os ordenados e carreiras estão nas mãos do Ministério da Educação, mas a contratação de pessoal” cabe às Juntas de Freguesia, estas três centenas de pessoas decidiram enviar uma carta aberta ao responsável pela pasta da Educação (Fernando Alexandre), ao autarca de Lisboa e à vereadora da Educação (Carlos Moedas e Sofia Athayde) e ao presidente da Junta de Freguesia do Areeiro (Fernando Brancaamp).

O objetivo é obter esclarecimentos sobre “o número de pessoal não docente contratado para as escolas públicas da freguesia e se este é suficiente para as necessidades escolares”, além das “razões pelas quais o mesmo número não é revisto ou as razões que impedem a contratação de novos funcionários” e, ainda, sobre “como é que a Junta de Freguesia do Areeiro pondera resolver este problema para evitar novas paralisações.”

“O direito à educação está consagrado na Carta dos Direitos da Criança. Estudar em boas condições é um direito de todas as crianças. Em Portugal, nas escolas públicas, estudar tem dias”, remata o grupo de pais que se intitula “Estudar Tem Dias”.