O Presidente da Guiné-Bissau anunciou esta quinta-feira que voltaram a ser permitidas as manifestações no país, mas avisou que tudo terá de ser “dentro de ordem e disciplina”.
Umaro Sissoco Embaló fez o anúncio durante a cerimónia de juramento da bandeira nacional de novos soldados e polícias a que deu o nome de “Incorporação Ordem e Disciplina”.
Falando numa parada militar no centro de instrução militar de Cumeré, no norte da Guiné-Bissau, a 36 quilómetros de Bissau, Embaló exortou os militares e polícias a trabalharem para que “haja paz, estabilidade, ordem e disciplina” no país.
“As pessoas estão a dizer que são proibidas de se manifestar em público, a partir de hoje toda a gente está autorizada a marchar. Quem quiser que vá. Onde está o problema”, questionou o Presidente guineense.
Sissoco Embaló afirmou que “tem de haver ordem e disciplina” na Guiné-Bissau, mas sublinhou que cabe à polícia garantir que assim seja.
Desde janeiro que a Polícia de Ordem Pública, pela voz do comissário nacional, Salvador Soares, anunciou a proibição de manifestações, marchas ou comícios populares na Guiné-Bissau, alegadamente por razões de segurança.
Em diversas ocasiões, a polícia guineense dispersou, com granadas de gás lacrimogéneo e cassetetes ações do género ensaiadas por partidos da oposição ou por organizações da sociedade civil.
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Umaro Sissoco Embaló disse que aquelas proibições acabaram a partir de quinta-feira, mas deixou um aviso: “a Constituição da República diz que não se pode manifestar 500 metros perto do palácio da República”.
O Presidente guineense afirmou que “acabaram os golpes de Estado” no país e que os cidadãos devem compreender que a “Guiné-Bissau é de todos os seus filhos”.
Embaló evocou o golpe de Estado de 14 de novembro de 1980, em que, disse, participaram, entre outros, as atuais chefias militares, mas enalteceu o facto de ter sido “um golpe necessário”.
Embaló afirmou que o regime deposto então “assassinou muitos guineenses, enterrados em valas comuns” e ainda afirmou que as atuais chefias militares “nunca mais vão participar num golpe de Estado” por serem “soldados exemplares”.
Governo guineense garante condições para RTP e RDP África retomarem emissões
O Governo da Guiné-Bissau garantiu também esta quinta-feira que já fez o que lhe competia e que há condições para a RTP e a RDP África retomarem as emissões interrompidas há cerca de dez meses.
Desde janeiro que as emissões em sinal aberto dos dois órgãos portugueses deixaram de funcionar, primeiro devido a uma alegada avaria de equipamento e depois a um incêndio que consumiu o centro de transmissão de Nhacra.
Desde então, as duas emissoras só estão acessíveis na Guiné-Bissau a quem tiver televisão por cabo ou internet, mas o Governo guineense garante que não é por falta de condições locais.
O ministro da Comunicação Social, Florentino Dias, disse esta quinta-feira à Lusa que o centro de transmissão de Nhacra “já está recuperado completamente” e que os órgãos de comunicação social em causa “estão a criar condições para repor as suas emissoras e passarem a funcionar”.
Relativamente à data da retoma das emissões, o ministro ressalvou que “não depende do Governo guineense”.
“O Governo já fez o que tinha a fazer, o gerador que está no centro de Nhacra já está a funcionar há meses, o centro está a funcionar”, assegurou.
Embora ainda estejam a decorrer trabalhos de recuperação no local, o governante guineense afirmou que o mesmo “está em condições de albergar qualquer emissor”.
“Tal como já alberga emissores da televisão nacional (guineense) da RDN (rádio nacional guineense), o que quer dizer que também pode albergar “os equipamentos das emissoras portuguesas”, vincou.
O ministro da Comunicação Social da Guiné-Bissau apontou como exemplo do empenho do executivo no setor a resolução do problema da rádio nacional que “não funcionava há algum tempo” e “começou a funcionar esta semana”.
“As condições foram criadas, a rádio já retomou as suas emissões”, indicou.