Vencer e convencer. Era este o principal objetivo da Seleção Nacional para a partida desta sexta-feira, diante da Polónia. Depois de ter somado três vitórias e um empate — na Escócia, na quarta ronda (0-0) —, Portugal estava apenas a um ponto de carimbar o apuramento para os quartos de final da Liga das Nações, objetivo que estava claramente ao alcance da formação de Roberto Martínez. Perante isso e o provável primeiro lugar no final do Grupo A1, era praticamente obrigatório voltar a apresentar uma exibição de grande calibre depois de um jogo paupérrimo em terras escocesas.

Em terra de Braveheart é mesmo preciso ter um coração bravo (a crónica do Escócia-Portugal)

Para esta dupla ronda final da Liga das Nações, Roberto Martínez fez algumas — poucas — mudanças na convocatória, promovendo as estreias dos jovens Tomás Araújo e Nuno Tavares. Em sentido inverso, Rúben Dias, João Palhinha e Diogo Jota ficaram inicialmente de fora devido a lesão, juntando-se a este lote, mais tarde, Pedro Gonçalves, Matheus Nunes e João Palhinha, com apenas Samu Costa a ser integrado na convocatória. Com várias baixas de peso, o selecionador nacional estava obrigado a remendar a equipa, principalmente o centro da defesa.

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Ficha de jogo

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Portugal-Polónia, 5-1

5.ª jornada do grupo A1 da Liga das Nações

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Donatas Rumsas (Lituânia)

Portugal: Diogo Costa; Diogo Dalot, António Silva, Renato Veiga, Nuno Mendes (Nuno Tavares, 88′); João Neves (Vitinha, 46’), Bernardo Silva (Samu Costa, 76′), Bruno Fernandes; Pedro Neto (Francisco Trincão, 83′), Rafael Leão (João Félix, 83′) e Cristiano Ronaldo

Suplentes não utilizados: José Sá, Rui Silva; Nélson Semedo, Tomás Araújo, Otávio, João Cancelo e Francisco Conceição

Treinador: Roberto Martínez

Polónia: Marcin Bulka; Kamil Piatkowski, Jan Bednarek (Sebastian Walukiewicz, 46’), Jakub Kiwior; Bartosz Bereszynski (Jakub Kaminski, 32’), Mateusz Bogusz (Dominik Marczuk, 46’), Taras Romanczuk, Piotr Zielinski, Nicola Zalewski; Krzysztof Piatek (Antoni Kokubal, 80′) e Kacper Urbanski (Adam Buksa, 72′)

Suplentes não utilizados: Lukasz Skorupski, Bartlomiej Dragowski, Bartosz Slisz, Jakub Moder e Tymoteusz Puchacz

Treinador: Michal Probierz

Golos: Rafael Leão (59’), Ronaldo (72′, gp e 87′), Bruno Fernandes (80′) e Pedro Neto (83′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Neves (25’), Bruno Fernandes (25’), Ronaldo (45+2’), Bulka (56’) e Nuno Tavares (90+1′)

“É um desafio para todos nós. Depois do Europeu, na defesa, perdemos o Pepe [acabou carreira] e agora o Rúben Dias por lesão. É um processo para continuarmos a conhecer novos jogadores. Queremos ganhar, queremos o apuramento. É um bom desafio para mostrar que temos todos os jogadores preparados, mesmo os menos experientes. Não gosto da palavra experimentar. Há muitos jogadores com lesões. Não sei porquê, em novembro, mas acontece. São jogadores com valências diferentes. Queremos ter o controlo do jogo, chegar perto da baliza e marcar golos. Será um bom estágio para vermos mais jogadores, mas não para experimentar”, partilhou Martínez na conferência de imprensa de antevisão à partida.

Pela frente Portugal tinha uma Polónia que também se apresentou no Dragão com alguns desfalques, a começar pelo capitão Robert Lewandowski. Foi precisamente em território polaco que a Seleção Nacional rubricou, até esta altura, a melhor exibição nesta edição da Liga das Nações, vencendo por convincentes 1-3, depois de uma primeira parte em que dominou por completo a partida. Para além do avançado, Michael Ameyaw e Przemyslaw Frankowski também foram ausências.

“Vamos ser ofensivos e assumir o risco, mesmo sabendo que vamos defrontar os melhores jogadores do mundo, que aproveitam todas as ocasiões. São jogadores que fazem falta, mas temos gente suficiente. Vamos apresentar amanhã [sexta-feira] a melhor equipa possível. Mas ainda temos treino, podendo surgir mais lesões, pelo que vou ainda avaliar e esperar até à última para dizer aos jogadores quem irá jogar. Conheço bem os portugueses. Jogámos contra eles em Varsóvia e conhecemos bem a sua qualidade, mas nós sabemos o que queremos para o jogo de amanhã [sexta-feira]”, afirmara Michal Probierz.

Deste modo, Roberto Martínez deixou Tiago Djaló fora da partida e apresentou cinco caras novas no onze inicial, com destaque para Renato Veiga e João Neves, que substituíram Rúben Dias e Palhinha. Diogo Dalot surgiu no lugar de João Cancelo, ao passo que Bernardo Silva regressou ao meio-campo por troca com Vitinha. Na frente, Pedro Neto e Rafael Leão regressaram ao onze, ocupando as posições que tinham sido de Francisco Conceição e Diogo Jota frente aos escoceses. Na Polónia, Krzysztof Piatek e Kacper Urbanski surgiram no ataque, mas Probierz continuou com as dores de cabeça durante o período de aquecimento: Sebastian Szymanski lesionou-se e foi substituído por Mateusz Bogusz.

Nos primeiros minutos percebeu-se que a Seleção Nacional abordou esta partida com Nuno Mendes a compor a linha de três na fase de construção, com Diogo Dalot a surgir na zona central do meio-campo e Pedro Neto a dar largura na direita. Apesar do equilíbrio, a primeira oportunidade de perigo pertenceu aos polacos, que aproveitaram o espaço da melhor forma por Urbanski, mas o cabeceamento de Bartosz Bereszynski acabou nas mãos de Diogo Costa (12′). Na resposta, Dalot tirou um cruzamento venenoso para a zona do segundo poste, Bruno Fernandes e Bernardo Silva apareceram sozinhos, mas atrapalharam-se e não conseguiram desviar para a baliza (14′).

A formação do leste europeu continuou mais perigosa no ataque e, através de um remate forte de Nicola Zalewski, obrigou Diogo Costa a aplicar-se (20′). O perigo não ficou por aí e, pouco depois, Bereszynski surgiu isolado em mais um lance rápido dos polacos, tentou um cruzamento-remate perante a saída de Diogo Costa, mas Nuno Mendes apareceu a tempo e cortou de cabeça (28′). Pelo meio, Bruno viu um amarelo por protestos e vai falhar o jogo na Croácia, na segunda-feira. Já na reta final do primeiro tempo, a infelicidade voltou a bater à porta da Polónia, com Bereszynski a abandonar o jogo por lesão. Já com Jakub Kaminski em campo, a defesa nacional continuou permissiva e, com um remate surpreendente de longe, Piatek acertou no poste esquerdo da baliza portuguesa (38′). A Seleção ainda esboçou uma reação nos últimos minutos, mas o nulo continuou a imperar e seguiu para o segundo tempo.

Na etapa complementar, Portugal entrou mais enérgico e pressionante, com a entrada de Vitinha para o lugar de Neves a revitalizar o jogo ofensivo, para além de uma alteração nos laterais: Dalot surgiu mais por dentro e Nuno Mendes solto na ala. Rafael Leão surgiu mais incisivo no corredor esquerdo e, logo a abrir, tentou agitar o desafio com um remate colocado à entrada da área polaca, mas o esférico saiu por cima (49′). Na resposta, o recém entrado Dominik Marczuk obrigou Diogo Costa a voar para negar o golo inaugural (58′). Na sequência do canto, Bruno recuperou a bola e deixou para Rafael Leão conduzir o contra-ataque. O avançado deixou para Nuno Mendes à entrada da área, este cruzou e Leão surgiu a concluir de cabeça para o golo (59′).

A Seleção portuguesa continuou a todo o ritmo e, na sequência de um remate forte de Dalot, o árbitro Donatas Ramsas assinalou penálti por desvio com a mão de Kiwior. Na cobrança, Cristiano Ronaldo não desperdiçou, atirou para o meio da baliza e chegou ao segundo golo (72′). O capitão da formação nacional teve ainda nos pés a hipótese de chegar ao bis, mas um desvio de Dalot acabou por atraiçoar o movimento de Ronaldo e o remate saiu por cima (77′). Pouco depois, Bruno Fernandes abriu o livro, aproveitou da melhor forma o espaço entrelinhas do bloco polaco e, com um remate sensacional de fora da área, fez o terceiro (80′). O ataque português estava imparável e, logo a seguir, foi a vez de Pedro Neto fazer o gosto ao pé direito com um remate indefensável dentro da área (83′).

Já nos derradeiros minutos do encontro, Cristiano Ronaldo voltou a fazer das suas e, depois de um cruzamento milimétrico de Vitinha, chegou ao golo 910 da sua carreira com um remate em suspensão no ar (87′). A fechar, Nuno Mendes falhou um passe à entrada da área portuguesa e Marczuk aproveitou da melhor forma, descontando com um remate cruzado (89′). Deste modo, Portugal carimbou o apuramento para os quartos de final com um goleada e beneficiou da derrota da Croácia em casa da Escócia (1-0) para assegurar o primeiro lugar do grupo. A deslocação ao reduto dos croatas, na segunda-feira, servirá apenas para cumprir calendário.