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O primeiro-ministro manifestou o desejo de que “não se vá mais longe do que já se foi” na escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, dizendo esperar que não se passe “das ameaças retóricas para operações no terreno”.
Luís Montenegro falava em conferência de imprensa, no final da cimeira do G20 no Rio de Janeiro, cujos trabalhos Portugal integrou pela primeira vez como observador a convite da presidência brasileira, e foi questionado sobre o decreto assinado pelo Presidente russo que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com os mísseis de longo alcance.
“O que quero dizer em nome do Governo português é que vamos concentrar as nossas contribuições para que se criem condições para evitar qualquer escalada neste conflito, para um cessar-fogo nessa operação militar e para dar primazia á diplomacia”, disse.
“Sinceramente o que é o nosso desejo é que não se vá mais longe do que aquilo que já se foi e que as ameaças que põem em causa, não apenas a integralidade território ucraniano, mas valores muito altos de ofensa da dignidade humana possam ser apenas ameaças de retórica e não operações no terreno”, disse.
Montenegro defendeu que “é responsabilidade de todos os líderes não estarem a multiplicar respostas e contra respostas que não ajudam a resolver o problema, que não ajudam a resolver os problemas humanitários que as populações sofrem”.
Questionado se concorda com o Presidente francês, Emmanuel Macron, de que a declaração final do G20 ficou aquém na questão da Ucrânia, o primeiro-ministro admitiu que o facto de a Federação Russa também estar presente terá condicionado o texto final.
“Sendo a Federação Russa a parte principal de um conflito, eu acho que não é preciso fazer uso de nenhum irrealismo para poder concluir que o documento final não poderia ir muito mais longe do que aquilo que vai”, considerou.
Questionado se há alguma mudança na forma como a diplomacia portuguesa encara este conflito, Montenegro defendeu que, nos encontros bilaterais e multilaterais, Portugal continua a ser visto como “um construtor de pontes” neste e em outros temas.
“Se há coisa que eu posso garantir-vos em nome do Governo português, pouco mais de sete meses depois de ser investido na função de primeiro-ministro, é que a diplomacia portuguesa tem um crédito no contexto internacional que é muito significativo, somos vistos como um país moderado, como um país ponderado, como um país que ajuda a juntar e não a dividir”, frisou.
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Segundo Montenegro, é com esse capital que Portugal continuará “a privilegiar as soluções de paz, as soluções de dissuasão do uso da força, da violação do direito internacional, da violação do direito humanitário, como instrumentos que são preponderantes para termos uma ordem internacional”.
Sem querer revelar pormenores do que passou dentro da reunião relativamente à Ucrânia, Montenegro disse que esta guerra, como a do Médio Oriente ou outros conflitos, são vistos como “contributos para agravar, agudizar o sofrimento daqueles que vivem com o drama da fome e vivem na miséria da pobreza”.
“Quanto mais guerras houver, quanto mais repercussões que essas guerras possam ter no abastecimento de alimentos, na criação de oportunidades de desenvolvimento social e económico em vários pontos do globo, quanto mais dinheiro nós tivermos de gastar na guerra e não gastar na ajuda e na cooperação aos países que mais precisam, mais difícil será obter resultado naquilo que foi o propósito que, em boa hora, a presidência do Brasil, do G20, colocou em cima da mesa”, disse.