A comissão organizadora do centenário do nascimento de Mário Soares quer conferir um cunho de festa às comemorações, para corresponder ao otimismo, gosto pela vida e pela cultura do antigo Presidente da República e fundador do PS.

Esta característica das comemorações foi, esta quinta-feira, salientada por Isabel Soares, filha do antigo chefe de Estado, na sessão de apresentação do programa do centenário, que se realizou na Escola Básica Maria Barroso, na baixa de Lisboa, e que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, sentado na primeira fila da plateia e perante uma centena de crianças do jardim de infância e dos quatro primeiros anos da escola, a escritora de literatura infantil Luísa Ducla Soares abriu a sessão contando às crianças em 30 minutos a história de Mário Soares.

Isabel Soares, membro da comissão de organização do centenário, falou a seguir para defender que as atividades das comemorações devem orientar-se para as mais jovens gerações, tendo em vista transmitir-lhes o legado do seu pai, resistente ao regime do Estado Novo, “lutador pela liberdade”, primeiro-ministro de três governos constitucionais (1976/1978, 1978 e 1983/1985) e chefe de Estado entre 1986 e 1996.

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“Os membros da comissão, coordenada por José Manuel dos Santos, fizeram um trabalho notável no sentido de preparar uma série de documentos para escolas e exposições. Queremos falar aos jovens da figura de Mário Soares e, sobretudo, do seu legado”, declarou a filha do antigo Presidente da República.

Com o seu irmão João Soares, antigo ministro e presidente da Câmara de Lisboa, a ouvi-la, Isabel Soares classificou como “vastíssimo” o programa das comemorações, acentuou a ideia de que se estenderá a todo o país e que terá uma dimensão de festa.

“É com festa que temos de celebrar o centenário de Mário Soares. Como disse aqui antes Luísa Ducla da Soares, ele era uma pessoa extremamente otimista e bem disposta mesmo nos momentos mais duros e mais difíceis. O meu irmão João e eu visitámos muitas vezes o nosso pai nas cadeias do Aljube ou de Caxias e era ele sempre que nos animava”, contou.

“Era ele sempre, com o seu sorriso luminoso, que nos dava coragem, que nos dava ânimo e que dizia que a liberdade ia acontecer no dia seguinte”, completou a filha do fundador e primeiro secretário-geral do PS.

Das iniciativas previstas para o centenário, que apenas terminará em dezembro de 2025, Isabel Soares, que falou antes de Marcelo Rebelo de Sousa, destacou as de caráter cultural.

“O meu pai dizia que a cultura era o sal da democracia. Por isso, no dia 5 de dezembro, em Serralves, teremos a inauguração de uma grande exposição, com uma parte da coleção de pintura dos meus pais, que se vai chamar o Sal da Democracia. O Presidente da República dá-nos o prazer e a honra de lá estar”, assinalou

Isabel Soares fez ainda questão de referir que a exposição apresentará também livros e manuscritos do seu, “porque ele era um amante de livros e a sua biblioteca é vastíssima e riquíssima, sobretudo em primeiras edições”.

“O meu pai procurava um pouco por todo o lado. Ele adorava ir aos alfarrabistas”, revelou.

Em 7 de dezembro, dia em que se assinalam os cem anos do nascimento do antigo Presidente da República, será promovida na Fundação Calouste Gulbenkian uma sessão evocativa, durante a qual será lançado o livro “Escritos da Resistência”, terceiro volume das obras completas de Mário Soares, pela Imprensa Nacional Casa da Moeda. O livro será apresentado pelo antigo dirigente do PSD José Pacheco Pereira.

“Como disse antes Luísa Ducla Soares, mais do que um Presidente, Mário Soares foi alguém que lutou pela liberdade e pela democracia, foi um resistente, esteve preso 12 vezes”, salientou Isabel Soares.

Antes deste discurso de Isabel Soares, a sessão de apresentação do livro infantil “Mário Soares no caminho da liberdade” teve momentos de interação muito divertida com as crianças da Escola Básica Maria Barroso. Houve risada geral quando a escritora contou que Soares passeou sentando numa tartaruga gigante nas ilhas Seicheles e montando num elefante quando visitou a Índia.

Disse que Soares é o único Presidente da República que está a rir no seu retrato oficial. Depois, a escritora perguntou a Marcelo Rebelo de Sousa se também aparecerá a rir no seu retrato. O Presidente da República respondeu-lhe fazendo um gesto com a mão, sugerindo dúvida.

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