A ministra da Transição Ecológica de França, Agnès Pannier-Runacher, disse que o acordo alcançado em Baku para o financiamento do clima é dececionante e “não está à altura dos desafios”.
A conferência da ONU sobre clima , a COP29, foi marcada “por uma verdadeira desorganização e uma falta de liderança da presidência do Azerbaijão”, lamentou a ministra, num comunicado.
“O texto sobre financiamento foi adoptado num clima de confusão e contestado por vários países”, recordou Pannier-Runacher, considerando que o acordo “não está à altura dos desafios”.
Ainda assim, a ministra reconheceu “vários avanços”, recordando que o valor prometido pelos países ricos para os países pobres ameaçados pelas alterações climáticas é o triplo do disponibilizado atualmente.
Segundo o acordo, os países desenvolvidos vão disponibilizar 300 mil milhões de dólares (cerca de 289 mil milhões de euros, ao câmbio atual) em financiamento climático aos países em desenvolvimento até 2035.
“Este compromisso soma-se ao compromisso de triplicar as energias renováveis ??até 2030 e triplicar as capacidades nucleares até 2050, assumido no Dubai no ano passado”, disse Pannier-Runacher.
“A isto acresce um objectivo global de financiamento climático, de todas as fontes, de 1,3 biliões de dólares [1,25 biliões de dólares], necessário para acelerar a transição para um mundo sem combustíveis fósseis”, sublinhou a francesa.
A ministra elogiou ainda “um acordo histórico, após nove anos de negociações, sobre um quadro voluntário de mercado de carbono, com o desejo de garantir a integridade ambiental”, que “poderá permitir um verdadeiro desenvolvimento dos mercados internacionais de créditos de carbono”.
Os países representados na COP29 em Baku, no Azerbaijão, chegaram no sábado a acordo sobre o comércio de emissões de carbono e criação de um mercado global regulado para cumprir o Acordo de Paris.
“Por outro lado, sobre a mitigação, não foi adotado qualquer texto, o que envia uma mensagem muito negativa e marca um verdadeiro fracasso para esta COP29”, lamentou Pannier-Runacher.
“As nossas esperanças estão agora focadas na COP30, que será presidida pelo Brasil”, disse a ministra.
O comunicado da francesa surgiu horas depois do comissário europeu Wopke Hoekstra ter saudada o acordo de Baku como “o início de uma nova era”.
“Trabalhámos arduamente com todos vós para garantir que há muito mais dinheiro sobre a mesa. Estamos a triplicar o objetivo de 100 mil milhões de dólares, o que consideramos ambicioso. É necessário, é realista e é exequível”, afirmou o comissário europeu responsável pelas negociações sobre o clima e representante da União Europeia (UE) na cimeira.