O centro de produção da Cimpor, localizado em Souselas, nos arredores de Coimbra, vai investir cerca de 100 milhões de euros até 2026 em projetos sustentáveis, focados na descarbonização e na inovação tecnológica, foi anunciado esta sexta-feira.
A fábrica localizada a norte da cidade de Coimbra, uma das mais importantes unidades industriais do setor cimenteiro em Portugal, celebrou, esta sexta-feira, 50 anos de atividade (opera desde novembro de 1974), com um almoço onde os novos investimentos, visando alcançar a neutralidade carbónica até 2050, foram revelados.
Questionada pela agência Lusa sobre os investimentos previstos, a diretora fabril da Cimpor/Souselas, Susana Coimbra, respondeu que um projeto de descarbonização “tão ambicioso como o da Cimpor, tem obrigatoriamente de passar por uma complementaridade entre investimentos em diversas frentes, tecnológicas, ambientais e energéticas, que permitam dar uma resposta integrada aos exigentes desafios que se colocam a esta indústria”.
“De entre os projetos a implementar em Souselas destaca-se o da reconversão da 2.ª linha de produção para a introdução de argilas calcinadas na produção de cimento”, um projeto que a diretora fabril disse ser pioneiro em Portugal e que terá impacto na economia local.
“Para além da vertente ambiental associada a este projeto, trata-se de uma operação que contribuirá para a criação de emprego local, dinamizando a economia e tornando o processo produtivo mais sustentável”, argumentou Susana Coimbra.
A recente instalação de uma central fotovoltaica de um MW (Megawatt) e os planos para uma nova central de 10 MW até 2025, um novo sistema de recuperação de calor de gases de excesso do processo produtivo para geração de eletricidade (designado, em inglês, Waste Heat Recovery), com capacidade de 7,4 MW e arranque previsto para fevereiro do próximo ano e a implementação de uma central de hidrogénio verde de 10 MW em 2026, são outros investimentos estratégicos da Cimpor nos próximos dois anos, com ênfase nas energias renováveis.
Susana Coimbra classificou estes projetos como “fundamentais” para uma indústria “que tem de se adaptar às exigências de um futuro que se quer mais sustentável, quer a nível ambiental, quer social, quer económico”.
“A Cimpor tem consciência da necessidade de cumprir o plano de descarbonização até 2050 e estabeleceu um programa ambicioso para atingir essas mesmas metas ainda antes disso. Este esforço é um compromisso não só com os nossos colaboradores, tornando viável a permanência da Cimpor nesta indústria, como com as comunidades e as gerações futuras”, observou a diretora fabril.
De acordo com outros dados divulgados, esta sexta-feira, pela cimenteira, ao longo de 50 anos de atividade o Centro de Produção de Souselas atingiu uma produção acumulada de mais de 69 milhões de toneladas de clínquer (cimento base), tendo processado cerca de 667 mil toneladas de combustíveis alternativos, marcas que os seus responsáveis consideraram “impressionantes” e que refletem “o compromisso da Cimpor com a economia circular e a redução de emissões de CO2 [dióxido de carbono]”.
Ainda de acordo com a informação divulgada pela empresa, desde o arranque da sua primeira linha de produção, em 1974, que tinha uma capacidade inicial de 500 mil toneladas anuais de clínquer, “até à implementação de tecnologias modernas que reforçam o seu compromisso com a descarbonização, a unidade [de Souselas] tem evoluído constantemente para responder aos desafios do mercado e às exigências ambientais”, notou.
No início da década de 2000, a unidade fabril de Souselas esteve envolvida numa polémica sobre a coincineração de resíduos industriais perigosos, que levou à contestação política, social e ambiental, anos antes daquele processo industrial finalmente se iniciar, em 2008, mas também depois disso, com variados processos que se arrastaram pelos tribunais.