A glória eterna. Era este o mote da final da Taça Libertadores e o movia Atlético Mineiro e Botafogo. Os conjuntos alvinegros foram protagonistas de mais uma final brasileira na principal prova de clubes da América do Sul que, depois de ter sido dominada pelos argentinos, parece estar a mover-se para o outro lado do continente. Afinal, o Brasil conquistou as últimas seis edições e sete das últimas oito. No Monumental de Núñez, em Buenos Aires, o galo buscava reconquistar um troféu que lhe fugia desde 2013, ao passo que o fogão procurava um título inédito numa presença na final já por si histórica.

Curiosamente as duas equipas defrontaram-se dez dias antes da final no Brasileirão, numa partida que terminou sem golos e ficou marcada por alguns incidentes (0-0). Após uma partida que acabou com uma expulsão para cada lado — de Rubens e Alexander Barboza —, o ex-FC Porto Hulk pegou-se com Luiz Henrique e trocaram várias acusações. A situação escalou e gerou confrontos entre os seguranças do Botafogo e os do estádios e Luiz Henrique acabou por atirar uma garrafa, o que resultou na sua expulsão. O ambiente estava quente e esse jogo apimentou ainda mais esta final.

“Estamos em boa forma, com muita vontade, não pode ser diferente. Sentimo-nos muito privilegiados por estar aqui. O sonho é muito grande, mas temos de ter inteligência emocional e é essencial saber que temos de jogar da maneira que sabemos. Com muito esforço, e com razão, estamos nesta final. O sonho de ganhar a taça está latente. Se o adversário o permitir, tentaremos atacar e defender longe da nossa baliza. Temos de competir na perfeição. A equipa já o fez e é essa a minha confiança”, partilhou Gabriel Milito na antevisão à partida.

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“O que fizeram as duas equipas trouxe-lhes o mérito para chegar à final. Naturalmente, nós temos a ambição de sermos campeões amanhã [sábado]. Queremos fazer história, porque o Botafogo foi muito consistente este ano e merece os títulos no final da temporada. Vamos enfrentar um adversário muito difícil e teremos muito trabalho. Arrisco-me a dizer que, pela dimensão, é o jogo mais importante da minha carreira. Não há dúvidas. Mas também é uma grande responsabilidade”, assumiu Artur Jorge, técnico que, à semelhança do antigo internacional argentino, protagonizou a primeira final brasileira da Libertadores com dois treinadores estrangeiros.

Com os dados lançados, Rodrigo Battaglia e Hulk, que passaram pelo futebol português, foram titulares no Atl. Mineiro, que teve como grande ausência Matías Zaracho. Já Artur Jorge lançou o ex-FC Porto Alex Telles, mas não pôde contar com Bastos, por lesão, e Mateo Ponte por suspensão. Como seria de esperar, a final começou “quentinha” e a todo o gás. Ao cabo de 30 segundos(!) de jogo, Gregore cometeu uma falta ríspida sobre Fausto Vera a meio-campo, acabando por deixar o jogador do galo a sangrar da face. Depois de um período de confusão, o árbitro argentino Facundo Tello expulsou o médio do glorioso.

A expulsão precoce acabou por obrigar o técnico português a mudar o seu plano de jogo e, a partir daí e com o jogo todo pela frente, o Botafogo passou a atuar em 4-1-3-1, com Marlon Freitas a jogar como pivot defensivo e Luiz Henrique, Jefferson Savarino e Thiago Almeida a surgirem à sua frente. Inevitavelmente, o fogão adotou uma postura defensiva, privilegiando a organização e as transições rápidas. A espaço, só Hulk conseguiu assustar a baliza de John Victor e, já na reta final da primeira parte, o Botafogo aproveitou o espaço pelo meio, Luiz Henrique cruzou atrasado para Marlon que, sozinho, rematou contra Júnior Alonso. Na recarga, Luiz Henrique atirou para o golo (35′). 

Pouco depois, Éverson saiu da baliza e derrubou Luiz Henrique e, depois de ser alertado pelo VAR, Tello assinalou a grande penalidade. Na cobrança, Alex Telles atirou rasteiro e colocado para a direita, enganou o guarda-redes e colocou o glorioso com uma importante vantagem de dois golos (44′). Até ao intervalo, o Atl. Mineiro continuou dominador, mas não se conseguiu encontrar e pouco ou nada criou. Quem também aproveitava para fazer a festa no Monumental era o tenista Novak Djokovic, que marcou presença nesta final

Milito retificou ao intervalo e lançou Mariano, Bernard e Eduardo Vargas para o ataque. As alterações acabaram por surtir efeito e, numa jogada de cantos sucessivos, Hulk tirou o cruzamento na esquerda para o cabeceamento certeiro do avançado chileno que acabara de entrar (47′). Artur respondeu e colocou Danilo Barbosa e Marçal, dupla que também passou pelo futebol nacional, mas não conseguiu conter o ímpeto ofensivo do galo que, praticamente na resposta, ficou perto de marcar, valendo John a negar o golo a Hulk com uma grande estirada (64′).

Na reta final, o ex-Benfica Alan Kardec também foi chamado a jogo, numa fase em que o Atl. Mineiro apostou tudo em busca do empate. Já perto do minuto 90, Vargas voltou a aparecer com perigo dentro da área, mas o seu desviou saiu ligeiramente por cima (86′). O Botafogo conseguiu aguentar a pressão e, no último minuto da partida, Júnior Santos aproveitou um contra-ataque para fazer o terceiro e  carimbar a inédita conquista da Libertadores (90+7′). Luiz Henrique foi eleito o melhor jogador da competição, enquanto que a festa seguirá de Buenos Aires para o Rio de Janeiro.