O ministro da Educação, Fernando Alexandre, garantiu esta segunda-feira que mais de mil professores ficaram colocados em escolas de zonas carenciadas, o que permite “outra estabilidade ao corpo docente”.
Questionado por jornalistas em Tondela sobre a polémica em torno do número de professores colocados, Fernando Alexandre disse que nas escolas para as quais foi direcionado o concurso extraordinário há agora “professores com um vínculo”.
“Tornámos esses lugares mais atraentes, para professores com habilitação própria e, por isso, são professores, na sua grande medida jovens, que foram para essas escolas. E temos quase 300 lugares preenchidos precisamente nessas escolas carenciadas”, frisou.
No sábado, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) adiantou que mais de mil professores foram colocados em escolas de zonas carenciadas no âmbito do concurso externo extraordinário, depois de fechadas pela Direção-Geral da Administração Escolar as listas de colocação de mobilidade interna.
Do universo de 1.094 professores com horários atribuídos na mobilidade interna, “há 829 que vão manter-se nas escolas onde já se encontravam a exercer funções como contratados, tendo tido a possibilidade de manifestar essa intenção, assegurando a continuidade pedagógica dos seus alunos”, refere informação divulgada pelo MECI.
No domingo, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) considerou que o concurso extraordinário teve um impacto residual no objetivo de responder à falta de professores, alegando que só 265 professores foram colocados em escolas em que não se encontravam.
De acordo com a federação sindical, se 829 professores se mantiveram nas escolas onde já se encontravam a dar aulas, isso quer dizer que “só 265 terão preenchido outras necessidades”.
“Sim, mas vincularam. Identificámos as necessidades no início de setembro, depois de termos os resultados do concurso nacional. Felizmente, não estivemos à espera deste concurso para preencher essas vagas, elas foram sendo preenchidas com o trabalho dos diretores, com a contratação por escola, com reservas de recrutamento”, reagiu esta segunda-feira o ministro.
Fernando Alexandre disse que foram abertas 2.309 vagas, mas que ficar à espera deste concurso para as preencher seria “um problema”.
“Nestas escolas, onde mais de mil professores vincularam, tem sido nos últimos anos muito difícil atrair professores de uma forma estrutural”, lembrou o governante, acrescentando que tem havido, e continuam a haver, “demasiados alunos sem aulas durante demasiado tempo”.
Por isso, frisou que o concurso “foi mais um passo no sentido de resolver este problema estrutural”.
“Nós não temos aqui uma bala de prata, uma solução mágica para o problema. O que nós temos é um conjunto de medidas que estão a ser implementadas, avaliadas. Aquelas que funcionam vamos reforçá-las, as que não funcionarem vamos deixá-las cair e estamos sempre aberto a medidas novas”, assegurou, afirmando que as medidas tomadas pelo governo “estão a funcionar”.
“Aplicámos em poucos meses 17 medidas e todas elas com níveis diferentes estão a produzir efeitos. Nós estamos a garantir que milhares e milhares de alunos que estavam sem aulas passaram a ter aulas”, afirmou, considerando que, mesmo que fossem só 300 professores, eles “dão aulas a milhares e milhares de alunos”.
“Mas são muito mais do que isso, porque aqueles que já estavam a trabalhar foram contratados também entretanto”, sublinhou.
Numa altura em que está quase a terminar o primeiro período do ano letivo, Fernando Alexandre considerou que “as escolas estão claramente com um espírito muito diferente daquilo que aconteceu nos últimos anos”.
“As escolas estão tranquilas, os professores estão focados no seu trabalho. Não vemos os professores na rua, estão na escola e motivados. Continuamos obviamente a ter muitos problemas no pessoal não docente, que perturbou este ano letivo”, lamentou, acrescentando que está a ser preparada uma proposta para apresentar esta semana à Associação Nacional de Municípios Portugueses.