A assistência no Dragão esteve longe dos melhores registos (um jogo às 20h45 de uma segunda-feira tão fria também não ajudou em nada), o ambiente também não era o mais famoso como se sentiu sempre que o FC Porto atrasava uma bola para Diogo Costa para recomeçar a construção a partir de trás à procura de mais espaços, o passar dos minutos sem golos tornava-se mais um obstáculo perante a boa resistência do Casa Pia. Os azuis e brancos precisavam de um jogo com o maior número de “facilidades” mas tiveram de ir à procura das mesmas para regressarem aos triunfos um mês depois, vencendo os gansos por 2-0 com golos em menos de cinco minutos no arranque da segunda parte de Fábio Vieira e Samu, que antes fizera a assistência.

Fábio deu sentido à camisola rasgada de Samu (a crónica do FC Porto-Casa Pia)

O avançado espanhol igualou o melhor registo de golos numa competição quando vamos ainda na 12.ª ronda do Campeonato (nove, tantos como na Liga espanhola da última época) e marcou e assistiu pela primeira vez desde que chegou ao Dragão, num triunfo que começou a ser desenhado nos pés do médio emprestado pelo Arsenal que voltou a festejar na Primeira Liga como não acontecia desde a temporada de 2021/22. Com isso, os dragões não só quebraram a atual série de quatro encontros seguidos sem vitórias (derrotas com Lazio, Benfica e Moreirense, empate com o Anderlecht) como prolongaram o bom momento no Dragão.

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Com a segunda época nos últimos três anos a marcar 50 ou mais golos nas primeiras 21 partidas oficiais (a outra tinha sido em 2022/23), o FC Porto conseguiu a quinta vitória consecutiva no Dragão, onde leva nove triunfos e um empate diante do Manchester United, e voltou a não sofrer golos pelo quarto jogo em casa. Tão ou mais importante, e no dado que mais sobressai do jogo com o Casa Pia, os azuis e brancos conseguiram ganhar um total de 59 duelos diante dos gansos, no registo mais alto em 2024/25 que permitiu outro dado mais importante: os dragões voltaram a depender apenas de si pelo título, ficando a três pontos do líder Sporting quando tudo parecia “perdido”. Até nisso, o aniversariante Vítor Bruno preferiu colocar o foco no plano interno, destacando sobretudo a resposta que todos os jogadores conseguiram dar.

“Prenda de aniversário? Tudo o que me toca a mim é o menos importante… Queria que os jogadores ganhassem, que fossem felizes. Trabalharam muito, têm crença no que construímos e isso é o maior orgulho que tenho. Foi um jogo bem conseguido, consistente, com a equipa a anular o momento ofensivo do adversário. Na primeira parte tivemos três ou quatro ocasiões para marcar, podíamos ter ido para o intervalo a ganhar. O Casa Pia teve uma transição onde podia ter feito. Depois, na segunda parte, continuámos a controlar o jogo com bola, com uma atitude pressionante forte, a recuperar alto no campo, tanto na primeira como na segunda parte. Isso revela que os jogadores respeitaram a nossa organização defensiva. Com bola, tiveram o jogo controlado. Foi uma vitória inequívoca, justa, com a baliza a zeros”, apontou.

“A reação dos jogadores deixou-se muito satisfeito. O que me deixa mais feliz é saber que eles acreditam na ideia que está a ser passada, no que estamos a construir. Independentemente do que vem de fora, os jogadores não se desviam do que tem sido trabalhado. Aqui se alguém estiver insatisfeito, neste caso o presidente, e esse sim, tem de dizer, e nunca serei um problema. Se tiver de me dizer, diz-me a mim e eu vou à minha vida sem problema. Agora, enquanto eu estiver aqui, vai ser da forma como queremos, como trabalhamos, investindo naquilo que são as nossas ideias. Não vai ser sempre perfeito, porque é uma ideia nova, que envolve momentos de risco, mas a equipa nunca se escondeu. Isso deixa-me muito feliz, mesmo muito, por eles, porque têm levado ao limite as convicções com que trabalhamos diariamente e esse é o maior pilar para o sucesso”, prosseguiu o técnico de 42 anos, projetando já os próximos encontros.

“Vamos continuar a fazer o que fazemos sempre, que é trabalhar. Agora é olhar já para o jogo de Famalicão, contra um adversário difícil sobretudo na sua casa. Este está fechado, são três pontos e não simboliza mais do que isso. Agora é olhar para o próximo jogo já. Cenário negro quando estamos a três pontos da liderança? As pessoas pintam o quadro como querem… Estamos conscientes do que temos de fazer, olhando para nós, para dentro, percebendo qual é o caminho a percorrer. Andamos ainda a procurar andar perto da perfeição. Num momento em que era difícil, o que me deixa feliz é o facto dos jogadores nunca se terem afastado daquilo que foi definido. Da nossa ideia, modelo, do que queremos incutir no jogo, mesmo em situações adversas no que é manifestado de fora”, concluiu Vítor Bruno em declarações à SportTV.