O Presidente sírio, Bashar al-Assad, promulgou esta quarta-feira um decreto para um aumento salarial de 50% aos soldados de carreira, numa altura em que o exército enfrenta uma ofensiva relâmpago dos rebeldes no norte do país.

Segundo a agência oficial síria Sana, que publicou o texto do decreto, a decisão do Presidente sírio não se aplica aos reservistas nem aos soldados reformados.

O anúncio surge no momento em que o exército tenta repelir o avanço em direção à cidade de Hama (centro) de uma coligação de rebeldes liderados por islamitas radicais, que tomaram nos últimos dias a maior parte de Alepo (norte), a segunda cidade da Síria.

Segundo as Nações Unidas, desde o início da guerra civil, em 2011, a moeda nacional perdeu mais de 99% do seu valor e mais de 90% da população da Síria vive abaixo do limiar da pobreza.

“Com um salário de 20 dólares por mês, as tropas estão desmotivadas e desmoralizadas“, disse à AFP o analista Fabrice Balanche.

O exército sírio é geralmente composto por voluntários, recrutas e reservistas. Antes da guerra, o efetivo militar sírio era estimado em cerca de 300.000 homens.

Mas em 2015, os peritos militares ocidentais estimaram que tinha perdido metade dos efetivos devido a mortes e deserções durante o conflito.

Síria. Rebeldes avançam para sul e tentam tomar a cidade de Hama. Forças do regime já lançaram contraofensiva

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) anunciou esta quarta-feira que 16 pessoas foram mortas em combates no leste da Síria, onde as forças do regime reivindicaram terem repelido um ataque de combatentes aliados das forças curdas.

Os confrontos surgem no momento em que uma coligação liderada por extremistas islâmicos lançou uma ofensiva relâmpago no noroeste da Síria, a 27 de novembro, tomando dezenas de cidades e uma grande parte de Alepo.

A província de Deir Ezzor, no extremo leste da Síria, está dividida entre as forças do regime de al-Assad, que detêm a margem ocidental do rio Eufrates, e os combatentes locais integrados nas Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelos curdos), que controlam a margem oriental.

Na quarta-feira prevaleceu uma “calma relativa” depois de as forças do regime terem repelido um ataque lançado por combatentes aliados às forças curdas, segundo o OSDH.

Os combates, que começaram na terça-feira de manhã, foram acompanhados por ataques aéreos dos Estados Unidos em apoio às forças aliadas das FDS, acrescentou o observatório.

Os confrontos fizeram “16 mortos, incluindo dois civis, onze soldados e combatentes de grupos pró-regime”, assim como três combatentes das FDS.

Apoiadas por uma coligação internacional liderada por Washington, as FDS lideram a luta contra os radicais do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

Os combates descritos pelo OSDH ocorreram perto da base da Conoco, onde estão estacionadas as tropas norte-americanas.

Esta zona alberga sete aldeias detidas pelas forças governamentais, as únicas que estão sob controlo do regime na margem oriental do Eufrates, segundo o OSDH, organismo como sede em Londres.

Na terça-feira, os Estados Unidos reivindicaram a responsabilidade pelos ataques em Deir Ezzor, sem especificar nem o setor nem o alvo.

As forças norte-americanas destruíram lançadores de foguetes de artilharia, um carro de combate e morteiros.

“Continuamos a examinar quem utilizou estas armas, mas é preciso saber que há grupos pró-iranianos na zona que realizaram ataques no passado”, declarou o porta-voz do Departamento da Defesa dos Estados Unidos.

Desencadeado em 2011 pela repressão de manifestações contra o poder, o conflito na Síria envolve atualmente uma multiplicidade de beligerantes, apoiados por várias potências regionais e internacionais, que controlam zonas de influência num país fragmentado.