O parlamento aprovou esta quinta-feira por unanimidade um voto de pesar pela morte de Celeste Caeiro, realçando que “ficará para sempre associada à história e memória” do 25 de Abril de 1974 e à liberdade no país.
A iniciativa, apresentada pelo PCP, mereceu os votos a favor de todos os grupos parlamentares. No final da votação, as bancadas bateram palmas de pé aos familiares presentes nas galerias à exceção do Chega e CDS-PP, cujos deputados permaneceram sentados.
No texto é recordado que na manhã do dia 25 de Abril de 1974 “Celeste Caeiro levantou-se para ir trabalhar num restaurante situado em Lisboa, na Rua Braancamp”.
“A casa fazia um ano nesse dia e comprou flores para oferecer aos clientes. Como não abriu, devido às movimentações militares, os cravos foram distribuídos pelas trabalhadoras. Celeste não foi para casa, juntou-se aos populares no Chiado e tendo sido informada por um dos soldados de que estava em curso uma revolução, ofereceu-lhe um cravo que o militar colocou no cano da espingarda. O resto da história é por demais conhecida”, refere a iniciativa.
Celeste Caeiro “distribuiu todos os cravos pelos militares” e acabou por ficar conhecida como a “Celeste dos cravos” e o 25 de Abril como a “Revolução dos Cravos”.
“Ficará para sempre associada à história e memória do 25 de Abril e da liberdade no nosso país”, é enaltecido.
Celeste Caeiro, que morreu no passado dia 15 de novembro, aos 91 anos, nasceu em Lisboa a 2 de maio de 1933, “oriunda de uma família humilde, e viveu grande parte da sua vida em Lisboa”.
“Enfrentou uma vida de dificuldades com perseverança. Mulher trabalhadora, de fortes convicções, e militante comunista até ao fim da sua vida, a sua generosidade e afabilidade ficará na memória de todos os que com ela conviveram”, lê-se na iniciativa.
Nesta sessão plenária os deputados aprovaram também por unanimidade um voto de pesar pela morte do major-general Luís Augusto Sequeira, “notável Capitão de Abril, que participou diretamente nas ações revolucionárias de 1974” e morreu no passado dia 9 de novembro, aos 77 anos.
No texto, apresentado pelo PS, é lembrado que o major-general do Exército fez parte do Movimento das Forças Armadas em Moçambique e ao longo da sua vida, “exerceu cargos de elevada responsabilidade, quer no plano militar, quer no plano civil, mantendo uma importante ação cívica na defesa e consolidação dos valores da liberdade e da democracia”.
Os deputados também aprovaram, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pelo BE pela morte do professor universitário e dirigente sindical Joaquim Pagarete.
No texto é referido que em 1979 Joaquim Pagarete fundou, juntamente com outros militantes, o Partido Operário de Unidade Socialista (POUS), “tendo sido ao longo dos anos um dirigente dedicado desta organização política e do jornal «O Militante Socialista»”.
Com uma “carreira reconhecida na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e com uma vida inteira dedicada à militância política”, Joaquim Pagarete foi o primeiro presidente eleito da direção do SPGL – Sindicato dos Professores da Grande e “manteve-se ativo na luta sindical dos professores até ao final da vida”.