O Iraque vai organizar uma conferência internacional a realizar em Bagdad sobre o conflito armado na vizinha Síria, anunciou esta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano, Fuad Hussein.

Em conferência de imprensa com os seus homólogos da Síria, Bassam Sabag, e do Irão, Abbas Araqchi, o chefe da diplomacia iraquiana afirmou que o seu país “tomará a iniciativa e será rápido em realizar uma reunião com vários países, e que será em Bagdad para abordar a questão da Síria e a situação desesperada no país”.

A organização da conferência internacional foi suscitada pelos súbitos acontecimentos na Síria, onde decorre uma violenta e rápida ofensiva de rebeldes islamitas contra o regime do Presidente Bashar Al-Assad.

O ministro iraquiano disse que já iniciou contactos diplomáticos com países como a Turquia, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e o Egito, bem como com outros Estados ocidentais e europeus para procurar uma solução para esta disputa na Síria, devastada por uma guerra civil iniciada há mais de uma década.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Colocaremos em ação todas as ferramentas diplomáticas para alcançar uma trégua”, declarou.

A iniciativa diplomática, segundo Hussein, visa “alcançar certos entendimentos com os representantes destes países” e dos Estados que também fazem parte do Acordo de Astana, no qual participam os três países garantes do cessar-fogo na Síria: Rússia, Irão e Turquia.

Síria. Cerca de 280 mil pessoas foram deslocadas desde 27 de novembro

Em setembro de 2017, Rússia, Irão e Turquia patrocinaram o chamado Acordo de Astana, que visava reduzir a intensidade dos combates no terreno para criar as condições para um acordo político que ditasse o fim da guerra civil na Síria, iniciada em 2011.

Moscovo anunciou esta sexta-feira, por seu lado, que os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, do Irão e da Turquia vão realizar uma reunião no sábado, no Qatar, sobre a situação na Síria.

A Rússia e o Irão são os principais aliados do regime da Síria, enquanto a Turquia apoia as fações rebeldes islamitas que iniciaram a atual ofensiva, que já levou à queda das cidades de Alepo e Hama, ambas capitais de província.

“A conferência que desejamos convocar será em Bagdad, simplesmente porque a situação na Síria é importante e nos preocupa. Os três examinámos e discutimos os possíveis cenários, bem como as ameaças, quer dentro quer fora das fronteiras sírias, que preocupam a comunidade iraquiana e outros países vizinhos”, observou Fuad Hussein, que é também vice-primeiro-ministro iraquiano.

Hussein anunciou ainda que o seu país irá liderar a ajuda humanitária à Síria, após altos funcionários de organizações das Nações Unidas terem indicado a partir de Genebra que o recrudescimento do conflito armado poderá provocar a deslocação forçada de 1,5 milhões de pessoas.

Desde que a rebelião dos grupos islamitas recomeçou, já se registam 280 mil civis deslocados devido à nova vaga de violência armada.