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Demolição das ruínas do sanatório Albergaria Grandella foi autorizada pela Câmara Municipal de Loures

Autarquia aprovou em março a destruição das ruínas do sanatório que é propriedade privada. Em 2021, Direção-Geral do Património deu um parecer desfavorável sobre valor patrimonial.

As ruínas do sanatório Albergaria Grandella, em Loures, foram demolidas no início de novembro
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As ruínas do sanatório Albergaria Grandella, em Loures, foram demolidas no início de novembro

Hugo Amaro

As ruínas do sanatório Albergaria Grandella, em Loures, foram demolidas no início de novembro

Hugo Amaro

As ruínas do sanatório Albergaria Grandella, uma construção de 1919 pensada para receber pacientes com tuberculose, mas que nunca foi concluída, foi demolida no início de novembro pelos proprietários após o aval da Câmara Municipal de Loures. A informação é confirmada ao Observador pela autarquia e por Inácio Rosário, um dos proprietários do terreno em Cabeço de Montachique, na freguesia de Lousa.

“Não havia nada a obstar que não fosse abaixo, foi tudo legal”, garante Inácio Rosário, 80, que tenta vender o terreno de cerca de três hectares que tem com um sócio “há mais de 20 anos”. “Não havia comprador por causa das dúvidas que subsistiam sobre isso”, afirma, notando o “perigo” que constituía o edificado. “No outro dia até caiu lá uma parede.” O proprietário assegura que ainda não há interessados.

A 7 de novembro, um vídeo no Instagram do videógrafo Hugo Amaro, com imagens aéreas que mostravam o terreno antes e depois da demolição das ruínas, causou revolta nas redes sociais de quem alertava para a perda de património. Cerca de 24 horas depois, a primeira notícia sobre a demolição, avançada pelo site NiT, dava conta que a autarquia tinha sido surpreendida pela demolição das ruínas, citando fonte do município. Ao Observador, o gabinete de presidência da Câmara de Loures desmente a surpresa, lembrando que “há muito tempo” que estava prevista a “aprovação da unidade de execução”.

No site da autarquia confirma-se que, após um período de discussão pública, que decorreu de 17 de janeiro a 13 de fevereiro, a Câmara Municipal de Loures deliberou, por unanimidade, a “aprovação da Unidade de Execução N.º 3 de Tocadelos e da minuta do respetivo contrato de urbanização” numa reunião ordinária a 20 de março de 2024. Inácio Rosário diz que recebeu um despacho da câmara a 18 de outubro com uma “licença de realização de obras de demolição”.

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Projetada pelo arquiteto Rosendo Carvalheira, a construção do Sanatório Albergaria Grandella nunca chegou a ser finalizada e está ao abandono desde os anos 20 do século passado, segundo o descritivo do imóvel no site da antiga Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). “O Sanatório Albergaria Grandella foi idealizado como diz o nome, pelo capitalista Francisco de Almeida Grandella, cedendo o terreno urbano de dois hectares, que fora escolhido pelos Doutores Azevedo Neves e José Pontes, à benemérita Sociedade Secreta dos Makavenkos, para a construção desta infraestrutura. O início deste projeto deu-se dia 6 de Abril de 1919, com a colocação da primeira pedra. Esta iniciativa adveio da vontade de auxiliar os doentes com poucos meios financeiros, contra a luta da Tuberculose que afetava o mundo inteiro”, lê-se.

As imagens mostram a destruição da construção de Cabeço de Montachique, em Loures, que muitos consideravam um castelo

Hugo Amaro

Há vários anos que a demolição do sanatório era discutida e em 2020 chegou mesmo a motivar uma petição pela conservação das ruínas. A petição, que não chegou a 200 assinaturas, evocava o valor histórico do edifício e pedia, entre outras coisas, à autarquia que adquirisse o terreno para o transformar num centro interpretativo. Também exigia a classificação das ruínas como sendo de interesse municipal. “As antigas ruínas do Sanatório Grandella representam não só a memória coletiva da população do Cabeço de Montachique, como marcam a importância histórica da zona, em determinado contexto sócio cronológico, nomeadamente no combate ao surto de tuberculose que atingia proporções epidémicas em toda Europa e Portugal na primeira década do século XX”, consta no texto que acompanhava a petição.

Um ano depois, em 2021, a DGPC emitiu um parecer desfavorável sobre o valor patrimonial das ruínas. A 12 de novembro desse ano, o diretor geral determinou o arquivamento da proposta de abertura de procedimento de classificação de âmbito nacional, como consta no site do organismo público (entretanto extinto e que deu lugar à Museus e Monumentos de Portugal e ao instituto Património Cultural). No mesmo dia, foi dado conhecimento do despacho à CM de Loures, dois meses depois das autárquicas que levaram Ricardo Leão (PS) à presidência do município anteriormente presidido por Bernardino Soares (CDU).

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