O bispo do Funchal, Nuno Brás, admitiu esta segunda-feira que o facto de a Madeira iniciar o ano de 2025 em regime de duodécimos, devido ao chumbo do Orçamento, vai afetar a atividade das instituições tuteladas pela diocese.
“Não sabemos com o que se pode contar e, portanto, [terão] dificuldades em pagar faturas, dificuldades a todos os níveis”, disse, lembrando que estas instituições operam sobretudo na área social e beneficiam de verbas disponibilizadas pelo Governo Regional.
Nuno Brás falava aos jornalistas no Paço Episcopal, no Funchal, onde esta segunda-feira recebeu em audiência para apresentação de cumprimentos de Natal várias entidades, entre as quais os membros do executivo regional (às 12h00) e o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira (às 15h00).
“As instituições prestam serviço social e o próprio governo dá uma parte substancial como recompensa deste contributo que as instituições fazem. Se esse contributo não existe, o que é nós havemos de fazer? Esperar. Há sempre uma incerteza muito grande”, declarou.
O bispo do Funchal reconheceu que a rejeição do Orçamento da Madeira para 2025 traz uma “instabilidade muito grande”, vincando tratar-se também de uma situação de instabilidade política que, também por isso, motiva preocupações.
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“As pessoas deixam de saber com que é que podem contar, deixam de ter perspetivas seguras, certas, para o próximo ano. Isso traz sempre uma instabilidade muito grande”, reforçou, acrescentando: “Creio que nos preocupa a todos e, obviamente, a Igreja também.”
As propostas de Orçamento e Plano de Investimentos para 2025 apresentadas pelo Governo da Madeira, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, foram rejeitadas na discussão na generalidade, que decorreu em 9 de dezembro.
Os documentos mereceram os votos contra de PS, JPP, Chega, IL e PAN, todos os partidos da oposição.
PSD e CDS-PP, partidos que assinaram um acordo de incidência parlamentar, mas que não garantem a maioria absoluta, foram os únicos a votar a favor.
O chumbo do Orçamento não implica a demissão do governo, mas significa que a região será governada em regime de duodécimos em 2025 ou até que novos documentos sejam apresentados e aprovados.
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O bispo do Funchal considerou, no entanto, que, “apesar de toda a instabilidade”, vale sempre a pena ter esperança e disponibilidade para recomeçar.
“No fundo, [a situação] recorda-nos que as certezas não vêm nem dos dinheiros, nem de todas estas coisas, mas que nos vêm do interior e da nossa fé em Deus, e que com a fé em Deus tudo podemos vencer e todos os obstáculos somos capazes de ultrapassar”, disse.
Depois do chumbo do Orçamento Regional para 2025, na terça-feira é votada uma moção de censura ao governo Regional apresentada pelo Chega, que a justificou com os processos judiciais envolvendo o presidente, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, constituídos arguidos em casos distintos.
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A moção deverá ser aprovada caso as intenções de voto de PS, JPP, Chega e IL se confirmem, e implica a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.