O chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, prometeu esta terça-feira “nunca mais falar da Marinha” após terminar este mês 45 anos de funções militares e passar a uma “nova fase” da sua vida.

“É altura de fechar um capítulo da minha vida e começar outro. Eu há 45 anos que sou militar. É a altura de deixar a Marinha em mãos mais jovens, mais capazes de continuar um futuro que é um futuro que todos nós desejamos”, afirmou o chefe da Armada, que falava aos jornalistas à margem de uma cerimónia nas instalações centrais do ramo, em Lisboa.

Gouveia e Melo vai passar à reserva logo após o término do seu mandato, em 27 de dezembro, considerando que “não faz sentido, depois de sair da Marinha, continuar com uma sombra relativamente à Marinha”.

“A Marinha vai ter um novo chefe, vai ter um novo líder, tem todo o direito de fazer as opções que quer. E eu, no dia em que sair da Marinha, nunca mais vou falar da Marinha, porque isso é um assunto de quem está no ativo. Há muita gente que sai e que nós dizemos que era muito reservado no ativo e muito ativo na reserva. Eu vou tentar não fazer isso”, antecipou.

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Gouveia e Melo afirmou que vai passar a uma “nova fase” da sua vida, mas sem especificar qual, numa altura em que o seu nome é apontado como um dos eventuais candidatos às eleições presidenciais de 2026.

Perante a insistência dos jornalistas sobre o seu futuro, Gouveia e Melo respondeu com ironia: “Os senhores veem em todos os meus atos qualquer coisa extraordinária. Eu não sei se posso piscar os olhos, porque se piscar os olhos também pode ter algum significado”.

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“A única coisa que vos posso dizer é que vou terminar 45 anos de serviço. É a altura de fechar um capítulo da minha vida e começar outro”, insistiu, manifestando-se convicto de que o seu sucessor no ramo “será um excelente chefe do Estado-Maior da Armada”.

Confessando que vai deixar “o coração dentro da Marinha” e que o último dia será “o mais triste” da sua vida, Gouveia e Melo falou em dois sentimentos, deixando o seu futuro em aberto.

“O primeiro sentimento é de perda, de perda de uma vida. O segundo sentimento, o futuro o marcará, não sei ainda”, rematou.

À margem da assinatura do contrato para a aquisição de dois novos navios reabastecedores e do regulamento das marcas de qualificação da Marinha Portuguesa, Gouveia e Melo foi questionado sobre se considera que vai deixar o ramo melhor dotado do que o encontrou.

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“Essa avaliação será feita pelos portugueses no futuro. O que estou consciente é que fiz tudo o que podia para fazer melhor e para conseguir objetivos que há muito tempo andávamos a tentar alcançar”, respondeu.

No final de novembro, o almirante Gouveia e Melo comunicou ao Conselho do Almirantado a sua indisponibilidade para continuar mais dois anos na chefia do Estado-Maior da Armada, terminando o mandato em dezembro, disseram à Lusa fontes militares.

O nome de Henrique Gouveia e Melo tem surgido como um dos potenciais candidatos às eleições presidenciais de janeiro de 2026.

Henrique Gouveia e Melo, que coordenou a equipa responsável pelo plano de vacinação nacional contra a covid-19, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021, e está prestes a cumprir os três anos de mandato.

Nos termos da Constituição, compete ao Presidente da República nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armada (CEMGFA) e os chefes dos três ramos militares.