Após a queda do regime de Bashar al-Assad, as autoridades e várias organizações não-governamentais estão encontrar várias valas comuns que podem conter até 100 mil vítimas — o número de pessoas desaparecidas desde o início da guerra civil síria, em 2011.
Mouaz Moustafa, à frente da ONG Syrian Emergency Task Force, sediada nos EUA, disse à ABC News que já foram encontradas três valas comuns de grande dimensão e outras duas mais pequenas.
As maiores, localizadas junto a al-Qutayfah — localidade cerca de 40 quilómetros a norte de Damasco — consistem em “sepulturas maciças” onde “as linhas ou trincheiras tinham 6 a 7 metros de profundidade, 3 a 4 metros de largura e 50 a 150 metros de comprimento”.
Vários coveiros que trabalharam para o regime afirmaram a Moustafa que “quatro camiões de reboque com mais de 150 corpos cada um vinham duas vezes por semana desde 2012 até 2018”.
Em reação a estas descobertas, Stephen Rapp, ex-embaixador dos EUA para os crimes de guerra, fala numa “máquina de morte” promovida pelo regime de Assad.
“Desde a polícia secreta que fazia pessoas desaparecer das ruas e das suas casas, aos carcereiros e interrogadores que as matavam à fome e as torturavam até à morte, aos camionistas e condutores de bulldozers que escondiam os seus corpos, milhares de pessoas trabalhavam neste sistema de assassínio”, afirmou à Reuters.
Já nesta segunda-feira, a ONG Human Rights Watch (HRW) reportou ter encontrado “encontrado dezenas de restos mortais” no bairro de Tadamon, a sul de Damasco, tendo este sido o local de um massacre em abril de 2013. No mesmo relatório, a HRW pediu meios para preservar os corpos encontrados.
“Sem os esforços imediatos da Síria e da comunidade internacional para proteger e preservar os locais prováveis de crimes em massa para exumações coordenadas e investigações forenses, existe um sério risco de que se percam provas fundamentais para a responsabilização”, lê-se.