O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, alertou esta quinta-feira para uma possível nova derrapagem de prazos nas obras do novo Hospital Central do Alentejo, devido à falta do projeto de fornecimento de energia elétrica.

Ainda não há projetos de ligação elétrica, nem de desvio de uma linha de média tensão, que são decisivos para percebermos as implicações que têm nos nossos [projetos para acessibilidades e rede de água e saneamento], que estão feitos e prontos para lançar a concurso”, revelou o autarca.

Pinto de Sá (CDU) disse à agência Lusa ter ficado surpreendido quando, em novembro, o município foi informado pela empresa de distribuição de energia E-Redes de que, naquela altura, “não havia nenhum pedido por parte do dono da obra para a alimentação da energia elétrica ao hospital”.

“Isso tem implicações, em particular com o nosso projeto de acessibilidades” da futura unidade hospitalar, salientou o presidente da autarquia, frisando que “esta situação obviamente atrasa o processo do hospital”.

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A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, dona da obra, que, numa resposta através de correio eletrónico, limitou-se a indicar que os dois pedidos de ligação da sua responsabilidade para fornecimento de energia à área dentro do lote do hospital “estão pagos e em execução”.

Os restantes três, relativos a infraestruturas elétricas da rede pública fora do lote do hospital, são da responsabilidade da Câmara de Évora e da E-Redes e estão dependentes da conclusão da execução do projeto das novas vias de acesso viário”, disse.

Também questionada pela Lusa, a E-Redes revelou ter emitido “um primeiro orçamento de ligação à rede em agosto de 2023”, cujo prazo para pagamento pelo cliente, que a empresa não especificou qual, caducou, “apesar de sucessivos contactos”.

“Em abril de 2024, a E-Redes recebeu um novo pedido de ligação à rede, tendo sido emitido um novo orçamento, [que foi] aceite pelo cliente apenas em 6 de dezembro para a execução da obra”, adiantou.

Segundo a empresa de distribuição de energia, a empreitada implica “a construção de dois painéis (equipamentos técnicos) nas subestações de Évora e Caeira, que vai permitir a ligação do hospital à rede de média tensão”.

“A componente da obra da responsabilidade da E-Redes tem um prazo de execução de um ano após realizado o pagamento do orçamento”, o que aconteceu no dia 6 deste mês, acrescentou.

Nas declarações à Lusa, o autarca de Évora realçou que, quando soube em novembro que não havia pedidos para o fornecimento de energia ao hospital, solicitou esclarecimentos à ARS do Alentejo e ao Ministério da Saúde e “as coisas já estão a andar”.

“Como é que num projeto desta dimensão ninguém olhou para a questão da alimentação de energia ao hospital”, questionou, frisando que “não se trata de um qualquer cabo”, mas sim de “uma ligação poderosa que terá que ter redundâncias”.

O autarca referiu que a câmara aguarda que lhe seja fornecido o projeto de ligação elétrica, quando elaborado, para haver uma compatibilização com os das acessibilidades e da rede de água e saneamento, a cargo do município.

“Estamos em condições de lançar os concursos, mas não tem sentido, porque, depois, poderá haver implicações muito significativas com os outros”, pelo que é preciso “aguardar que estes projetos sejam elaborados”, acrescentou.

A conclusão das obras do novo hospital já teve várias datas anunciadas, como o final de 2023 ou início de 2024, final de 2024, fevereiro de 2025, no tempo do Governo do PS, e, agora, primeiro semestre de 2026, com o Governo da Aliança Democrática (AD).

Envolvendo um investimento superior a 200 milhões de euros, o futuro hospital deverá ter 360 camas em quartos individuais — podem ser aumentadas até 487 —, 11 blocos operatórios, cinco postos de pré-operatório e 43 postos de recobro, entre outras valências.