Uma derrota é sempre uma derrota, por mais aspetos positivos que se possam retirar e por mais vitórias que se consigam encontrar entre o desaire. No entanto, uma derrota também pode ser o primeiro passo para criar condições para no futuro ganhar mais vezes. Em parte, entre a eliminação do Manchester United nos quartos da Taça da Liga frente ao Tottenham, num encontro frenético com seis golos na segunda parte, essa foi uma das maiores ilações que Ruben Amorim retirou da viagem a Londres, onde já perdera com o Arsenal.

Ruben mudou a maneira de ser mas não uma maneira de estar: United perde com Tottenham num jogo de loucos e cai na Taça da Liga

“Aquilo que aconteceu com o Manchester City foi um sinal para os jogadores, para os adeptos. Às vezes ainda recordo quando Klopp chegou ao Liverpool, naquela que era uma fase muito negra do clube. Ninguém estava à espera que ele ganhasse a Premier nos primeiros anos mas era preciso algo para que tudo continuasse a seguir em frente. Depois ganhou fora ao City, ao Chelsea e os adeptos começaram a perceber ‘Este gajo sabe o que está a fazer’. Ele é assim, ainda agora ganhou duas vezes ao Guardiola em seis semanas. E também tem estado muito bem no caso Rashford, é alguém que sabe comunicar”, elogiou Jamie Carragher, antigo internacional e capitão que jogou no Liverpool e que é um dos principais comentadores da Sky Sports.

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Essa foi uma das principais notas da partida – e talvez uma das maiores diferenças com o período Ten Hag. Até mesmo quando o Manchester United perdia por 3-0 e Amorim lançou Diallo, Mainoo e Zirkzee, havia a esperança de que algo mudasse. Quando o jovem avançado neerlandês marcou após assistência de Bruno Fernandes, as bancadas vibraram como quem reivindica para si aquela estrelinha que permite sonhar até ao fim em todos os encontros. Quando o marfinense marcou o 3-2, levando dois golos e cinco assistências em oito jogos desde que chegou o técnico português, a crença tornou-se maior. Até o 4-2 num lance polémico com um toque no guarda-redes Bayindir na pequena área não foi suficiente para Evans ir ainda ao 4-3 no período de descontos. A empatia que nasceu fora de campo começa agora a criar conexão entre jogadores e adeptos, sendo que nem mesmo a derrota e a eliminação da Taça da Liga abalou a tendência.

“Desligámos no início da segunda parte e ficou difícil. Se olharmos para o jogo como um todo, fomos a melhor equipa mas eles foram mais eficazes. Perdemos mas a luta que a equipa deu foi muito importante para mim. Se controlámos o jogo? Sim, dava para sentir isso no estádio. Estávamos confortáveis, dominámos a posse. O problema não foi o último passe, foi o último remate”, apontou o português no final do encontro frente aos spurs onde terminou com mais do dobro dos remates (20-9), mais posse, mais ações na área adversária e no último terço e muito mais expected goals do que o adversário (2.38-0.67).

Amanhã penso sobre o que aconteceu hoje, hoje não sinto nada. Não consigo apontar algo bom mas amanhã conseguirei dizer muita coisa. Hoje perdemos e é preciso pensar à noite. Não podemos pensar que ganhar títulos faz com que tudo fique bem. Vai ser um longo caminho. Estamos a melhorar. O nosso objetivo é ganhar a Premier. Quanto tempo vai demorar? Não sei”

Por fim, quer na zona de entrevistas rápidas, quer na conferência de imprensa, Ruben Amorim voltou a ser questionado sobre Marcus Rashford, que ficou fora da lista de eleitos ao contrário de Alejandro Garnacho, lançado na segunda parte do encontro. “Amanhã temos treino e ele vai estar lá, a preparar o próximo jogo. É jogador do Manchester United e todos têm um futuro aqui”, referiu na flash interview. “Um erro deixá-lo de fora? Não, nada. Sinto que faço sempre o melhor para a equipa e por isso nunca é um erro. Temos de fazer uma escolha. É a mesma coisa do que nos jogos, às vezes temos de lançar jogadores que podem mexer um pouco”, argumentou depois na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro.