A concelhia de Lisboa do PSD criticou, esta sexta-feira, as afirmações “despropositadas e incompreensíveis” do presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, sobre a intervenção policial no Martim Moniz, manifestando apoio aos agentes envolvidos na operação.

Em comunicado, o PSD/Lisboa recorda que foi Miguel Coelho (PS) que “reiterou publicamente, muito recentemente, a necessidade de maior policiamento nas zonas da Mouraria e da Baixa, clamando por mais polícias”.

“Não havendo, como diz o povo, possibilidade de em simultâneo termos sol na eira e chuva no nabal, também não é possível protestar por mais policiamento para, a seguir, acusar as forças de segurança de comportamentos ditatoriais”, refere o presidente da concelhia social-democrata, Luís Newton, citado no comunicado.

Tal situação, acrescenta, é “como gritar lobo e depois matar o caçador quando ele aparece para nos defender, um contrassenso evidente e clamoroso”.

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior pediu, esta sexta-feira, a demissão da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, após a “inaceitável” operação policial de quinta-feira no Martim Moniz.

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Pedro Nuno Santos almoçou no Martim Moniz e voltou a criticar operação policial

“Aquilo que aconteceu ontem [quinta-feira] é típico de uma ditadura islâmica ou de uma ditadura da América Latina […]. Julgo, como cidadão e como autarca, que não há condições para a senhora ministra da Administração Interna continuar e os comandos da polícia têm de explicar porque é que fecharam uma rua inteira e encostaram pessoas à parede. Seriam capazes de fazer isto em Campo de Ourique, nas Avenidas Novas, no Lumiar?”, questionou Miguel Coelho.

Na nota, a concelhia do PSD/Lisboa manifesta ainda apoio aos agentes de autoridade envolvidos na operação e considera “irresponsável e incongruente a posição adotada pelo Partido Socialista quanto à segurança dos cidadãos” na capital do país.

A operação policial de quinta-feira no Martim Moniz resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

Na zona moram e trabalham muitos imigrantes, sobretudo oriundos do subcontinente asiático.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP esclareceu que uma pessoa foi detida por posse de arma proibida e droga e outra por ser suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

A operação foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.

A atuação policial — que passou por encostar à parede dezenas de pessoas, de mãos no ar, para serem revistadas — foi denunciada por imagens partilhadas nas redes sociais, que geraram várias críticas e acusações de abuso de poder.

A porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Ana Raquel Ricardo, explicou que uma “operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas” que por ali circulem.

Os partidos da esquerda parlamentar já exigiram esclarecimentos ao Governo e pediram a audição da ministra da Administração Interna e do diretor nacional da PSP. O Livre vai pedir também uma audiência ao Presidente da República, que já disse que quer ver as imagens da operação policial.

Organizações de defesa dos direitos humanos e antirracistas acusaram o Governo de aplicar a “agenda de ódio da extrema-direita” ao “adotar políticas com o propósito específico de perseguir e afastar imigrantes”.

O primeiro-ministro considerou a operação de quinta-feira “muito importante” para criar “visibilidade e proximidade” no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.

Segundo a PSP, participaram na operação meios das Equipas de Intervenção Rápida, das Equipas de Prevenção e Reação Imediata, de trânsito e à civil — investigação criminal e fiscalização.