A operação especial lançada pela PSP na zona do Martim Moniz na quinta-feira, que resultou em duas detenções, foi muito criticada na última semana, principalmente pela forma como dezenas de pessoas que se encontravam na rua foram obrigadas a encostar-se à parede para revistas. A força policial justificou a ação com dezenas de crimes violentos que têm ocorrido e negou as acusações que lhe foram feitas de motivação étnica. As operações naquela zona não são incomuns e, segundo noticiou a SIC, que recuperou dezenas de casos ao longo das últimas duas décadas, repetem-se todos os anos.
A 13 de fevereiro de 2007, por exemplo, uma operação da PSP focada no controlo da imigração ilegal e na fiscalização de atividades ilícitas em lojas, fez 29 detidos. Quem quis atravessar o Martim Moniz nesse dia teve obrigatoriamente de mostrar a identificação às autoridades.
O ano seguinte foi marcado por duas outras operações. A primeira, entre o Martim Moniz e a Alameda, focou-se no combate à prostituição, pequeno tráfico de estupefacientes, comércio ilegal. Não houve detidos, um cenário que se repetiu sete meses depois numa ação policial que terminou com a apreensão de perfumes, cintos e roupas falsificadas.
O ano de 2010 trouxe uma nova mega-operação a 10 de dezembro, cujo objetivo era “a interceção de suspeitos em situação ilegal no território nacional, bem como deteção de situações irregulares, quer no âmbito criminal, quer contra-ordenacional.” Durante três horas, cerca de 170 elementos de várias unidades da polícia e 41 elementos das entidades externas estiveram no Centro Comercial da Mouraria, no Centro Comercial do Martim Moniz, Palácio do Aboim (Esplanada da Mouraria) e três estabelecimentos na Praça do Martim Moniz.
No Martim Moniz, a PSP isolou o centro comercial, impediu o acesso ao metro e cortou o trânsito. A TVI noticiou, na altura, que foram identificadas 993 pessoas, três pessoas foram detidas por situação ilegal em Território Nacional e 33 notificadas para deixar o país.
Mais recentemente, em julho de 2023, a Unidade de Contraterrorismo da PSP realizou uma operação de combate à imigração ilegal naquela zona. Há registo de seis detenções, mas várias outras decorreram simultaneamente em Vila Franca de Xira e na Margem Sul.
Há outras operações da PSP que se têm destacado ao longo dos últimos anos em outras zonas de Lisboa e também do Porto, seja pelo número de agentes mobilizados ou pelo número elevado de revistas. Em julho de 2022, as autoridades lançaram uma operação de combate à criminalidade violenta associada à noite de Lisboa. Durou cerca de três horas e meia e decorreu na zona do Cais do Sodré, Bairro Alto e Rua Cintura do Porto de Lisboa.
Foram mobilizados cerca de 200 operacionais, quatro estabelecimentos noturnos foram encerrados provisoriamente, sete pessoas foram detidas, incluindo cinco seguranças e duas pessoas por posse de droga e de arma ilegal. Nessa noite também foram encostados à parede várias pessoas para serem revistadas, como se pode ver nas imagens da CNN Portugal.
No Porto, em setembro de 2008, a PSP também realizou várias operações policiais de prevenção à criminalidade em bairros, incluindo no Aleixo. A TVI noticiou à época que pelo menos três locais foram “fechados” pela polícia e também divulgou imagens que mostram os agentes a obrigar dezenas de pessoas a encostarem-se a um muro para serem revistadas.