Joe Biden chegou à Presidência dos Estados Unidos em 2021, prometendo fazer uma pausa nas deportações. Acabou por fazer o contrário e bater um recorde de dez anos. O Serviço de Imigração e Alfândega do país deportou 271.484 imigrantes para quase 200 países no ano fiscal passado, o maior número numa década, diz o relatório anual da agência publicado recentemente e citado pelo Washington Post. 

Biden deixa assim a Casa Branca se conseguir cumprir o seu propósito. O Presidente chegou mesmo a enviar ao Congresso norte-americano um projeto de lei que teria permitido a regularização da maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país. Mas, ao longo do seu mandato, foi confrontado precisamente com o aumento das travessias ilegais de fronteira. O Presidente democrata teve então de estabelecer novas regras e a autoridades passaram a reforçar a fiscalização, o que terminou com uma redução das travessias ilegais e consequentemente dos pedidos de asilo.

Autoridades federais de imigração disseram que vários fatores impulsionaram o aumento geral nas Operações de Fiscalização e Deportação durante o ano passado, particularmente para El Salvador, Guatemala e Honduras, que aceitaram mais voos transportando pessoas deportadas dos Estados Unidos.

“Essas ações aumentaram a capacidade do Serviço de Imigração de ampliar as operações de remoção e estabeleceram as bases para o aumento das remoções no ano fiscal de 2024”, mostra o relatório.

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A maioria dos deportados que cruzaram a fronteira sul norte-americana são pessoas que fugiram de regimes autoritários, pobreza e do colapso económico dos seus países após a pandemia, acrescenta o relatório, que cobriu operações de fiscalização de 1 de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024.

Dos 271.484 imigrantes deportados no ano passado, cerca de 33% tinham antecedentes criminais ou acusações criminais pendentes, de acordo com os dados de 2024. “Violações de trânsito, delitos de drogas, violações de imigração e agressão são os principais tipos de acusações que pesaram sob os detidos”.

No ano passado, o Serviço de Imigração e Alfândega deportou 411 menores desacompanhados que chegaram sem os pais. As autoridades deportaram mais de 49.000 familiares de migrantes no ano passado, contra quase 18.000 no ano anterior.

Trump quer “assinar” maior deportação da história dos EUA

Mas o Presidente eleitos dos EUA quer ultrapassar a administração Biden nestes assunto. A um mês do seu regresso à Casa Branca, Donald Trump já disse que vai realizar a maior campanha de deportação da história dos Estados Unidos. Foi esta uma das suas promessas, durante a campanha eleitoral deste ano.

Trump anuncia uso de militares para cumprir promessa de deportação em massa

Os dados mostram que as deportações feitas pelo ICE ao longo do primeiro mandato de Trump atingiram o pico de 267.260, durante o ano fiscal de 2019. Na administração Trump, era maior a probabilidade de os deportados terem sido detidos dentro dos Estados Unidos, em vez de serem imigrantes que tinham cruzado a fronteira pouco tempo antes.